ECOS

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Chittorgarh-India

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

410> CENTOPEIA

O sal se acumula nos olhos profundos
A agua se esvai da pele abençoada
Sai de mim mesmo
Do que julgava ser meu eu
Agora só observo distante
Minha sombra
Tantas cinzas

Nada é maior ou menor
Dor é dor e azul é azul
A pintura que damos vida
E a tudo pintamos
Vermelho do sangue
O cinza da poeira
O amarelo do medo
E tudo é consumido
E nos distorcemos

Temporalidade que alimenta a mente
Onde estou?
Uma noite de explosões
Uma madrugada de fogo
Outra manhã única
O passado nunca existiu, pois é a lembrança do agora
Uma prisão sem muros
O futuro é o agora que ainda não é
Um poço de ansiedade
Que maravilhosa descoberta

Somos a onda que não sabe que é oceano
O estomago faminto que faz o corpo servi-lo
Vejo-me no céu entre as constelações
Entre relâmpagos e estrelas cadentes
Marte na casa um
Tudo vibra e tudo vem

A centopeia ainda sai da minha boca
Exercito de terracota
Tão ameaçador quanto inerte
Um presente de pandora
Que devolvo as aguas subterrâneas

O vento diz tudo que preciso ouvir
Meus olhos falam o que tem ser dito
Não pergunto mais o porquê
Depois que tudo se iluminou
E no sol a historia do meu criador
Olhar e se ofuscar
Aproximar e se queimar
Mas assim a treva se desfaz
E a alma resplandece 


Recife, 29 de Janeiro de 2014