ECOS

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Chittorgarh-India

quarta-feira, 1 de maio de 2013

399 A VINGANÇA CONTRA O TEMPO



Quando chegaram as sobras da noite
A história começou a ser vivida
Ainda incontada
Cães latiam pragas diversas ao luar
Perfeito como o colo daquela dama
Era o lugar onde todos os medos se encontravam
Como ciganos mudando de coração em coração
Mas havia um intocado

Peço vossa atenção aos que padecem de dores
Foi dito pela boca que não possuía a santidade
Mas trote de cavalos além das colinas se fez ouvir
Tochas nas mãos e o fogo nos olhos
E sua face suava mais frio que a noite de outono
Palavras de ouro derramadas e delatadas
Alguém aguardava ansioso em um distante castelo

Um candeeiro com chamas dançantes
Com uma dose de amor, saudade e conhaque
Um corpo inerte em uma estrada qualquer
Era esperado para jantar ainda vivo
Nunca se soube nunca se viu
E tudo agora são sonhos confusos
Claro que em uma nova existência

Meus olhos ainda se enchem de lagrimas
Meu corpo ainda treme
Mas o medo ficou para trás
Toque minha mão e sinta meu beijo
Entorpeça-se na profundidade de minha alma
Colinas ainda são perigosas
Mas escodem o verdadeiro premio
Perdido em outras existências
Serei de quem me amar sob o luar

Novamente caído no caminho, mas ainda vivo
Pronto para marchar novamente
Mas agora sem a marselhesa
Sei do fogo que queima no meu peito
Sei da luz que paira sobre minha cabeça
Não confundo mais meio-dia e meia-noite
Perco olhar por um instante que podia ser eterno
O céu estrelado aprova entusiasmadamente
Os sonhos mais grandiosos
É para isso que nos encheram de sangue quente
A vida é uma vingança contra o tempo
Pois se perpetua e não se deixa acabar
E ao tempo sempre haverá resistência
Pois sempre haverá vida no universo

Por favor, escutem as crianças chorarem
Escutem aquilo que chamam de Deus falar
Em todos os sorrisos sinceros
Nas mais belas melodias audíveis e inaudíveis
Sim na beleza
A criação é bela
E no fim deste testamento façamos um pacto
Que meus inimigos não me combatam mais
Assim como não mais os combaterei
Afinal como destruir o indestrutível
Como levantar-se contra o fogo divino
Pois todos que vivem o possuem
Eis o segredo escondido ate dos anjos
A verdadeira morada daquele de nome impronunciável
No sal do suor e das lagrimas
Nas cicatrizes inter-existenciais da alma
Aquela chuva de meteoros será outro sonho bom
Na próxima vida que eu me perguntar pelo sentido
Mas elas saberão, sim elas as estrelas
E sorriram nos céus que tanto me atraem
Pois se viram refletidas na abobada dos olhos
Daquele cavaleiro morto naquela estrada
Escura e perdida no passado
Pois para essas belas sephiroths só o presente existe
Então que me emprestem o brilho invisível
Que torna as partes de mim mesmo indivisíveis
Lado a lado, em cima e embaixo, dentro e fora
Dão lugar a toda parte
E o segundo final entre a vida e a morte
Torna-se a eternidade


Recife, Primeiro de Maio de 2013 
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