ECOS

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Chittorgarh-India

quarta-feira, 25 de abril de 2012

364> AMAPOLA



Fotos antigas dos verões de nossas vidas
Uma valsa começa a executar suas notas
E tudo se esvazia só para te completar
Todos desaparecem sob o meu olhar

Anjos me sorriem como diamantes
As luzes eram tão brilhantes
Meus olhos se perdem no tempo
Décadas de sorrisos refletem
Em segundos naquela lagrima
Gotas de sonhos realizados

O campo onde floresceste não existe mais
A cor das tuas pétalas empalideceu
O teu aroma se perdeu
Teus espinhos não ferem mais
Os anos passaram sem avisar
E quando chegar a hora
Tudo me será impregnado
Rios de você irão me afogar
Cada minuto o desejo será meu altar
E cada segundo terá sentido
Terá nome
Terá lugar
Pois sempre esperarei a primavera
Após a noite das noites nos levar


Recife, 25 de abril de 2012
Feliz aniversario Larissa Lopes
Também postado na Fabrica de Letras

quinta-feira, 19 de abril de 2012

363> CANÇÃO DO FIM DA VIDA



Manto de sonhos vívidos não vividos
Na exata distancia de um querer
Moradores de uma única noite
Temendo a realidade da nova manhã

Em que mundo habita essas realidades?
Beijos imaginados e caricias não trocadas
O topo da terra tão perto
O desejo mais obvio tão distante

Quem podia prever todas as pegadas
A luz se curva sob a irresistível atração
Pois todas as vozes parecem uma só
E ninguém tem sempre a razão

Me foi permitido abrir o grande portão
Não fui escravizado pelo ferrolho metálico
Precipício de crâneos e a onda de dor
Desejo que logo a carne volte aos seus ossos
Roma e seus incontáveis prodígios
Roma e seu único suplicio

A privação do que mais amas
Todos os sentidos deslocados
Desamparo
Vazio
E tudo se engrandece
A sabedoria do verbo
As nuvens passam no céu
Os lobos caem sob suas presas
Mais leite para suas crias
Eis a canção do fim da vida


Recife, 19 de abril de 2012

segunda-feira, 16 de abril de 2012

362> INALDÍVEL



Por toda dor de uma cidade convulcionando em desamor
Sombras que se movem sem definicao indefinidamente
Perdao desperdiçado em preces ao grande temor
Sopro seco e corrosivo nas faces amedrontadas
Os desencontros e os sonhos desfeitos no amanhã
Antes mesmo do sol nos encarar face a face

O ar de pensamentos passados invade o recinto
Condominio dos espiritos presos ao elo do tempo
Correntes invisiveis nos navios rancorosos das horas
E tudo passa diante dos meus olhos de materia viva
Um brilho que encontra a alma uma unica vez
Inesquecivel vida

O espaco entre as rosas era preenchido por aromas
Um dia cinza era tão colorido e vivido para mim
Memorias da senhora dos passos inaudiveis
Torna realidade meus mais romanticos sonhos
E toda nevoa me leva a terra onde tudo se realiza
E toda morte me leva ao lugar onde tudo se encontra

Recife, 29 de março de 2012
Fotografia do lago sagrado de Pushkar-India .