ECOS

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Chittorgarh-India

sexta-feira, 29 de julho de 2011

332> ESPAÇOS ENTRE OS ESPAÇOS




O movimento sutil que nos envolve
Levitando espaços entre os espaços
Mas no recanto a nós destinado
O peso ainda determina a amplitude da ação
A cor ainda determina a vibração do raio
Com um balet de roupas secando ao vento

A locomoção era diferente na câmara
Vindo do alto mais rápido
Vindo de baixo mais lento
Para uns era como um mundo de estatuas
Para outros era tudo tão imperceptível
Alguns acima da logica atravessavam tudo
Mas isso ainda era um mistério

A vida é um conjunto harmônico de informações
Condensados em formas geométricas e símbolos
A fim de manifestar o imanifestável dimensional
A fim de dividir o indivisível raio de luz em cores
Dores são sentimentos e estes são divinos
As rochas não as sentem
Então porque as temem?

Nosso tempo como conhecemos logo finda
A realidade como entendemos logo limita
Os sonhos esses sim estão fora das escalas
Aquela nossa voz de dentro vem de fora
Essas imagens de fora vêm de dentro
Pois a beleza é um estado de espirito
E puramente nada mais


Recife,29 de Julho de 2011
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

331> KUAN YIN




Lábios que insistem em me beijar em prece
Face luminosa que torna pequeno meu sol
Após o luar banhar o brilho de um sorriso
Dentro da criança que só este fogo aquece
Nu eu venho e nu eu irei o resto é poeira

Trançando rotas para as carruagens douradas
Quantos seios nutrirão nossa carne
Quantas mãos nos carregarão longe do solo
Quantas pernas nos sustentaram
O sopro que anima e a voz que ensina

Se por dentro um deus me atrai
Se por fora correm ondas abençoadas
O pulsar mais uma vez das veias
Rios que correm ao teu encontro
Enchendo de vida toda criação

Se todos se vão só tu permaneces
Onde tudo seca só tu floresce
A sombra benigna atrás da porta
A luz divina na primeira manhã
A onde quer que eu vá


Recife,27 de Julho de 2011
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Primeira postagem que senti a necessidade de trocar o titulo... e dai surgiu o atual Kuan Yin ...

terça-feira, 26 de julho de 2011

330> MINH'ALVA AVE CAÍDA


Flores ou anjos que acordam
Falam-me na linguagem azul
Sopro que não vê janelas
Na alma tudo é claro
Ate as sínicas e falsas risadas

Um olhar, uma pose, um quadro
Então uma vaga imagem é registrada
No meu espaço o tempo passa diferente
Então me fixo vendo a lua cair e subir
Na sua floresta de criações

Mas sábado encontrarás o mundo
Na sala de jantar
No ápice dos prazeres
E na manhã seguinte tão frágil
Caída na estática realidade fria
Vendo seus incompreendidos monstros
Monstruosamente não quererem mais brincar
Justamente por serem tão puros
Eis o teu mistério
E eu sei que não cheguei a tempo
Descalço nos dourados cachos
Incauto em uma blasfêmia

Tua rua cheia de figurantes
Cruzou minha rua vazia
Minha alva ave celeste
Meu sonho de Cruz e Souza
Amazona natural e irradiada
Que nunca tocou o chão

Antes daqueles dias de destruição
Sufocado pelas obscuras ilusões
Momentos confundidos com amigos
Todos guerreiros armados do céu
A ultima luz que verei
A ultima graça

Em você um novo amanhã
Asas negras nunca tocam o céu
Nunca
Gritos secos e censura silenciosa
Não serão desculpas para o que fizemos
Olhe-me nos olhos e não se perturbe
Eu sou sempre você
E tudo flui para sempre

Recife,25 de Julho de 2011
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quinta-feira, 21 de julho de 2011

329> A MENTE QUE NOS CLAMA


Todo amor que voava nos dias de julho
Deixava no mar seus devotos
Onde a areia se enamora da espuma
Loucos uniam-se em uma linha mântrica
O ar entre o grão e a gota
O silencio entre o som das ondas
Eis o meu segredo

No jogo da vitrine me foi dito:
Deixe uma coisa sua realizar a de outrem
Não estranhe o peso da gangorra gigante
E seja direto e sincero com o vigilante

Uma segunda voz feminina agora vibra
Como um sussurro nos ouvidos da alma
Pois minhas divindades são naturais
Como haveriam de ser

Imerso na corrente horizontal de prana
Submerso no espaço tri-partido do céu
Vibrando ecos da mente que nos clama
Estático nas limitações do grande véu
Toda dor do meu lugar na criação
Mas nós só precisamos caminhar
E contemplar os matizes de luz e sombra
Pois eles em si resumem tudo


Recife,21 de Julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

328> O JARDINEIRO


Serenata de sons incompreensíveis
Mais ainda sim era uma musica
Os sentidos sempre limitam a mente
E também existem outros cadeados

Despertei caminhando na relva verde
Longe de tudo que fui um dia
Um longo dia
Meu tempo, minha dedicação e meu amor
Encontraram flores no meu jardim
Delicados presentes a cultivar
Hoje sorrio
Pois antes fui coveiro
Devolvendo o vazio a terra
Pensamentos, ações, pessoas e idéias
Esvaziados pelo evoluir no tempo
Bem antes fui também esse vazio

Escuto bem a natureza
Tenho olhos para a beleza
Apto para a agricultura celeste
Pois na terra hoje só deposito vida
E em troca novamente as flores
A matéria prima de meu castelo
Onde a luz preencherá o nada
Erguendo-me pétala por pétala


Recife,18 de Julho de 2011
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domingo, 17 de julho de 2011

327> VOTO DE MINERVA




Dentre tudo escolho a chuva
Tocando a terra dos solitários
Imantada com meus sonhos
Ligada a uma nobre melancolia
Levando ao presente eus passados
Em cada noite que eu cruzar
No magistério de cada campo santo

Ainda arde a dor em sua alma
Mesmo sonambulo eu posso sentir
E isso sempre foi melhor que saber
E essa sempre foi a melhor oferta
Quase nunca aceita
Pois abaixo da iluminação só há dor
E alguém na sala perto da janela
Em seus escritos não falava em sorte
Na sua vida não se admitia a morte
E ela nem sabe a cor dos meus olhos

Versão mais severa do voto de minerva
Entre tudo que é igual
Ou você não vê?
O ar se dissipa e a agua se acomoda
O travesseiro tem nome e o lençol corpo
Pedaços que se julgam partidos
Ou você não sente?


Recife,16 de Julho de 2011
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Abaixo da iluminação só existe dor... ( Budha )

quarta-feira, 13 de julho de 2011

326> LOBOS, ANJOS E CARNEIROS


O demais é incerto e o talvez é uma certeza
Em um mundo habitado pelas próprias razoes
Assim foi dito e assim o é

Pelo amor de deus, meu povo!
Dizia o auto-falante na rua vazia
As portas e os caminhos fechados
Mas ouçam os que têm ouvidos

Nem sempre estamos felizes
A felicidade é um outro nível
Com suor, sangue e lagrimas
Faz-se por merecer
Merecer

Viver o aqui e agora
Não é ignorar o futuro
Carpe diem tolos
Porque serão ontem

Dentre todas a mais justa
A única guerra santa
Aquela travada contra si
Só assim o lobo viverá entre carneiros
E os anjos viverão entre nós

Recife,13 de Julho de 2011
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terça-feira, 5 de julho de 2011

325> UM TRONO VAZIO EM ARUANDA


Como elevar a voz perante seu silencio rouco
A alma solta capturada em armadilhas de vento
Venha dormir longe das arvores escuras e frias
Passos sentidos pelas minhas noites
Passos não ouvidos

O toque que afastava minhas trevas
Uma jóia milenar no fundo do Nilo
Brilhando para meus olhos brilharem
Vales submersos
Medos emergentes
Algo que não sai da minha cabeça

De joelhos rezando seja ao Olímpio ou a Aruanda
Caído quase sem luz a beira-mar
Tão longe da casa áurea
Seus gemidos, suas lagrimas no alto
Toda agonia imanifesta e sincera
Foram dez anos humanos perdidos
Sonhos distorcidos e cartas não mais enviadas
Entre os mundos
Entre nossos mundos

Eu sei o resto da minha vida
Eu conheço meu destino
Parte do meu destino
Seus cavaleiros negativos e um novo sentido
Uma nova vida não tão nova
Ergo-me pelos anos perdidos
Armas etéreas e minha palavra de fé
Voando com dragões do ar
Tendo com os senhores do fogo
O tempo tem agora um sentido duplo
Onde os círculos se completam

Recife,5 de Julho de 2011