ECOS

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Chittorgarh-India

quinta-feira, 31 de março de 2011

304> FEDAYKINS


Aqui estou e aqui estas
Eu não sou eu e você não é você

Sentem-se enquanto o mundo convulsiona
Sob a lua imparcial que nos cobre de orvalho
Materializaremos o desejo de nossos corações
Todos sentem uma saudade que rasga a alma
Ecos das derrotas e glorias de nossos graus
Aquele busto sem face e vestimentas reais
A coroa definida no alfabeto divino

Assim seguimos nas noites do tempo
Unidos sob um brasão e uma missão
Às vezes separados em dimensões
Queimando todo o fluxo contrario
Causando a ira dos cáusticos dragões
As sombras de um passado morto
Escondidos da hora que se aproxima

Fogo de Kali, espada da lei e estrela do mar
Assim estaremos em todos os lugares
Sempre através do mesmo lugar
Temos pressa, pois muito seremos cobrados
O medo não faz parte dos nossos planos
Passos articulados a muitas gerações
Hinos que esperam para serem cantados

Aqui estamos porque tudo é transitório
E eu não sou eu porque o eu não existe


Recife, Ultima hora de Março
O circulo se fechará novamente...

quarta-feira, 30 de março de 2011

303> KALPA


Nada é eterno dentro do eterno
Onde opostos nunca existiram
O espaço é apenas uma definição
Toda realidade palpável é irreal
Fora do julgo de nossa perspectiva

Do alto da montanha mais alta
Subindo a arvore mais alta
Revoluções incessantes abaixo
Informações condensadas
Comprimidas ate se auto-expressarem
Um vórtice, uma singularidade
Aqui chamada vida

A energia sempre se conserva
Vibrando musicas diferentes
O universo prepara a contração
O jogo é novamente desfeito
Um mar de plasma nuclear
Onde todas as forças se encontram
Onde todas as portas se abrem

Novas idéias não lineares, mas concêntricas
Novas percepções e então novas leis
A alma é a lanterna que ilumina a criação
Tornado visível, mensurável e aparentemente real
Nossa existência inequivocamente atemporal

Recife, 30 de Março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

302> REFLEXOS DE UMA NOITE ESTRELADA


Em dado momento tudo se expandiu
Um vento de partículas ainda puras
Rodopiou poeira em galáxias
E ainda sopra hoje
Na historia de todos nós
Na historia de tudo

Lagrimas tímidas marcam meu rosto
Seguindo a grande lei da gravidade
Saltam ate tocar nosso orbe
Evaporam deixando o sal na terra
Tantos ciclos nos envolvem
Às vezes imperceptíveis
Às vezes ignorados

Tantos se deixam passar pela vida
Como estrelas órfãs vagando
Astros frios errantes em si mesmos
Sinto um enorme pesar que me liberta
Pois todos nos encontraremos
Um dia nos confins do universo

Desejar o bem é diferente de fazê-lo
Desejos nada mais são que desejos
Desejos sempre geram dor
Sempre
Verbo é ação
Ação é movimento
E movimento é vida


Recife, ultimos minutos de 27 de Março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

301> DEGREDADOS FILHOS DE EVA



Maré que sobe sobre nossas construções
Ninguém em terra firme
Perdido do olhar atento do artista
Dilúvios previstos pelos antepassados
O mais obscuro e divino quadro

Assim estava escrito em Koricancha
Tive medo dos olhos de Pizarro
Vasculhei as gavetas mais profundas
Procurando afastar as trevas
Em busca de uma candura perdida

Sonhei com o principio de nossa jornada
Trombetas no céu escarlate
Toda a fúria da misteriosa criação
Sob os semblantes severos das legiões
O solo ruindo como nossa realidade
Conspirações de distantes constelações
Gargalhadas sentidas nas entranhas

Herdeiros dos tronos celestes
Agora vagam entre a terra e o abismo
Alegram-se em respirar
Entristecem todo ciclo evolutivo
O vazio absoluto para ser preenchido
Lembra-se dos Gregos e de Pandora?
Afogados acorrentados ao ego

Precisamos
Do sol
Da distancia perfeita do sol
De energia densa em forma fluídica
De um referencial chamado tempo
E tudo nos foi dado

Antes marcharemos uns contra os outros
Daremos forma ao que nunca teve forma
Desesperados nomearemos o inominado
E mataremos por esses nomes
Cobriremos a luz com um véu escuro
Chamaremos a atenção do céu
Ate que mediante a aparente entropia
Não tenhamos mais escolha
Avançar, prosseguir é o que nos resta
No passado bilhões de estatuas de sal
No presente o inicio
No futuro um novo inicio
Para os degredados filhos de Eva



Recife,25 de Março de 2011
Sobre nós mesmos e nossa épica historia..

domingo, 20 de março de 2011

300> HISTORIAS DA LUA CHEIA


Imóvel no firmamento irradiando sonhos
O tempo reduz o fluxo para admirar
Tudo se enche de uma inaudível musica
Teus signos e arcanos magnetizando a água
A obvia interpretação da polaridade do sol

Hipnotiza os filhos do naipe de copas
Uma túnica luminosa escorre do céu
Saudoso como um acordeom na noite
Serena como a vila dos meus sonhos
Luz de óleo quente nos postes da estrada

Contempla os amantes com tuas historias
Nas indecifráveis marcas de tua pele
Um portão para outra iluminada época
Ajoelhada e impotente minha alma é atraída
No teu reflexo fagulhas de vidas já vividas


Recife, 20 de Março de 2011
Ouvir Moonlight wrapped around us - Andreas Vollenweider

299> SRI RAMA-TYS



Montanhas moveis suspensas na coluna d’água
Assim vejo a surpeficie do mar que toca as praias
Com um triangulo prata invertido na lua cheia
Porque nada é o que parece ser
Mas tudo é alguma coisa
Todas as coisas

O sentimento de inferioridade diante do universo
É o fiel da balança do ego em nossa humanidade
Palavra ainda sem contorno
Mas deriva do humano
As definições que esbarram muro após muro
Porque nada se define

A visão do caos só pode partir da mente caótica
Neste caso a lógica é simples
Identificamos-nos com o que somos
Mas nada de fato construímos
Só modificamos
Na razão de sermos modificados

Se as estrelas te chamam então brilhe
Se é ar que respiras então viva
Se são asas que aspiras então voe
No momento certo então também morra
Ou pretendes ser somente o que é?
Tudo não é incerto porque isto é uma certeza


Recife, 20 de Março de 2011
link imagem

segunda-feira, 14 de março de 2011

298> O DOCE SAL DA TERRA


Falavam uma língua que eu podia entender
Mas palavras são sempre palavras
Às vezes ouvia vozes nos átrios
Às vezes blasfêmias incontáveis
Mas preferi ouvir minha mente

Meus castelos de luz e meus anjos de guarda
A noite clara e o vento soprando ameno
Maio se aproxima novamente
E podemos fazer tudo mais gracioso
Voando livre em sonhos misteriosos

Aprendi a ver bem as suas idades
E a cidade perdida em seus jovens
Não precisamos desistir
Passos ora rápidos e ora lentos
Mas o destino cria suas curvas
Crenças que nascem para logo morrerem
Descrenças prontas para serem colhidas

Girando no carrossel a visão distorce
Adrenalina vitimava nossas veias
Serotonina em todas as gargalhadas
E eu tinha dez mil anos alem
As sementes que eclodiam rapidamente
Sem acreditar em si mesmas
Olhando o céu que nunca tocarão
Esquecidas do doce sal da terra

A caixa de pandora estava vazia
O santo grau não existia
Senti o peso dos milênios
Contando historias de amor
Mas sem acreditar em todo seu esplendor
Fui uma marionete com olhos plásticos
Refletindo o brilho amargo de ser um ser


Contos de um passado morto
Sem tempo para as ruas solitárias
Rindo das próprias escolhas
Não precisamos mais de nada palpável
Sentimentos de libertação mostraram as luzes
É só seguir o caminho sem tijolos amarelos
Para ter poder sobre a sucessão dos dias
Eles sabiam e agora eu sei...


Recife, 14 de Março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

297> VELOZES FRAÇÕES DO INFINITO


Um vulto entre as sombras dos postes
A derradeira lembrança de Baruch
Agora a plenitude preenche meu ser
Abandonei a noção humana de abandono
O luto mais obscuro deixado pela saudade
Nascer e morrer são apenas eventos
A vida transcorre no meio

A orquestra prepara-se para o tema final
Um clarão e minhas mãos se enchem de luz
Tudo que não fiz escorre como liquido
Entre os espaços dos meus dedos
Ate tocarem o chão o tempo é infinito
Mas para nós fora tão breve
E é assim que tudo transcorre
Velozes frações compõem o infinito

Perdidos em ondas e sons sublimes
Cavalgando ao lado da caravana
Nenhum de nós era realmente daqui
Portas que se abrem sob escombros
Portas que se fecham sob a razão

Atentos aos raios solares no vale
Resta esperar por um novo amanhecer
Todos os milagres da alma
Inspirações profundas são botões de rosa
Um aroma tão precoce
Escute o vento nas arvores
Assim ele fala com nós
Sempre


Recife, Primeira hora do dia 13 de Março, 2011

sábado, 12 de março de 2011

296> DECIDA A UM PLANO NEGATIVO


A ligação era agora claramente perceptível
Sansara dos desejos humanos
Desejos da alma
O universo existe como forma de expressão
O tempo nada mais é que um registro

Crianças desvirtuadas nas esquinas das ruas
Encruzilhadas da vida
Tantos planos e tantos sonhos
Negativados e nada arrependidos
O tão cobiçado ar destas densidades
Já lhes bastavam

Face desvitalizada e veias cianóticas
Olhos de âmbar que não sabem mais sorrir
Cabelos esvoaçados como seus pecados
Envenenadas, escravizadas por suas falhas
Que venha meu destino

Advertido fui em sua nobre morada
As três belas da noite acompanharam-me
Foi onde pude ver alguma compaixão
A gravíssima voz do senhor daquela faixa
Seu apuradíssimo senso de justiça
A raiva inoculada dos cães ruivos
Em suas sinas esmaguei seus crânios

Outra vez banido
Alem daqueles portões só aquelas mulheres
Sem olhos e só ódio
Porem pai Joaquim nunca abandona um filho
E assim continua brilhando no céu

Foi-se o tempo das fraquezas
Chegada é a horas das certezas
Milhões de vozes no mesmo tom
Um brinde a nova fortaleza erguida na alma
Uma rara flor nasceu no lodo
Pronta para ver o sol brilhar...


Recife,12 de Março de 2011
Se todos podessem ver o mundo seria tão diferente..

quinta-feira, 3 de março de 2011

295> SERGUTH E OS SETE CAMINHOS


Lembranças das pessoas que tiveram que partir
Ou que ficaram quando eu partir
Vejo suas faces nas lapides que nunca tocarei
Antes de navegar aqueles mares novamente
Ruinas de um labirinto superado
Sem as desculpas pertinentes aos fracos
Mas desculpas são desculpas
Perdem-se na zona invisível da íris

Quando as estrelas brilharam não estávamos aqui
Senti tanta falta da luz que quase parti
Senti as trevas do abandono
Pura ilusão, distorcida ilusão.

Onde estão os militantes das causas efêmeras
As lagrimas escorrem em valas e drenos profundos
Vazios percebidos na alma repleta de fuligem
Nós sabemos e sobretudo eles
Alguém vem de longe para colorir
Novas pinturas em antigas molduras
Presente dos que sempre estiveram aqui
Sete caminhos entre o céu e a terra
O mesmo canto reformado do hospital
Ponto de forças que me acolhe
Agora com a nova mobilha sideral
Olhos verdes fosforescentes voltam a brilhar

Nas crianças esquecidas do Maria Lucinda
A força e o amparo
Prisões destruídas e muros vigiados
Através da noite silenciosa e solitária
Trilhas invisíveis entre a dor e o sofrimento
Zeladas pelo padre do manto vermelho
Nos monitores os corações ainda batem
Mas as almas não são mais deste mundo


Recife, 3 de Março de 2010
Aos pequenos mas grandes zeladores dos corredores do Maria Lucinda.
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