ECOS

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Chittorgarh-India

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

243> NA MAIS LONGA DAS NOITES



Ainda decidindo o que era realmente real
Numa rua deserta condensada de matéria
Em um sonho de águas cristalinas
As ruínas vazias e escuras do Maria Lucinda
Encontrei um novo trono de madeira
O vai e vem de almas de dentro para fora
O vem e vai das energias de fora para dentro
Nas noites amorosamente falo com o vento
Nas noites amorosamente recebo do tempo
A lição do que aqui realmente somos

Ouço as gargalhadas e os ferinos dizeres
Mas os cães não mais rosnam
As serpentes não me ameaçam
E como o universo tudo se distancia
Não se pode mudar tanto em pouco tempo
Mas se pode despertar instantaneamente
E saber o que sempre soube
Ter o que sempre tive
Meu grau, ferramentas e fieis cavaleiros
E enfim retornar a ancestral batalha


Cabelos brancos entre meus dedos
Vidas em estilhaços nos meus domínios
Choro sempre a partida dos luminosos
Entrego os demais aos da morte e da lei
Que gire a mandala e seus divinos raios
Escrito nas paginas sagradas
Escrito no gesso das paredes
Tudo aquilo que desconhecemos
E tudo aquilo que um dia conheceremos
Após a mais longa das noites


Recife,26 de agosto de 2010

242> NA MAIS NEGRA DAS NOITES

Decerto que não esperávamos a feroz reação
As hordas iam materializando-se de uma só vez
A mente iludida e perturbada quase me fazia esquecer
O que se tinha a perder e o que se tinha a ganhar
Gritos dos seres alados e as garras da noite
Sob a crosta um ar sufocava os menos densos
Se agrupem meus leais ainda não tombados

O inimigo multiplicava-se exponencialmente
Seus portões abertos vomitavam seus espectros
Não estamos dispostos a perder o que conseguimos
Não sem antes fazer valer caro nossas gargantas
E se o fazíamos, o fazíamos puramente por amor
Ate o terror ameaçar dividir o que pensei indivisível
Senti o peso dos olhos dos meus fieis quase no fim

Ergam suas espadas agora como uma só
E tudo se rasgou como se o tempo não existisse
Então pude ver o céu e uma coroa estrelada
De joelhos, petrificado em quase desorientação
Nas lagrimas caídas vi um reflexo luminoso
Mas como aquilo se processaria naquele inferno
Enfim os sinais descem do alto, hora de lutar

Pela fé nos lutamos e pelo amor venceremos
As ultimas lanças foram partidas com seus mestres
Por ultimo o clarão que nos cegou a todos
De volta à escuridão fria só o silencio reinava
Só um portão de cristal aguardava seus servidores
Cruzamos trazendo juras de vingança das gárgulas
Mas se por amor fizemos, por amor faremos


Recife,26 de agosto de 2010
Fezei por amor e serás guiado ...