ECOS

ECOS
Chittorgarh-India

sábado, 26 de junho de 2010

206> O CAMPO DAS NUVENS E O PORTÃO DE FOGO

Imerso em alvas nuvens atemporais
Esta o campo dos bem aventurados
Uma pausa para meditar e planejar
Flautas ecoam no vento etéreo
Lembranças condensam-se em gotas
Esferas que refletem nosso mundo
Lar de nossa prisão e liberdade

Um evento solene de tempos em tempos
Passagens só abertas momentaneamente
Paisagens só perceptíveis para poucos
Bem vindos ao lugar dos que já se foram
Bem vindo ao templo dos que retornaram
Bem aventurados são todos os seres
Guardiões destas lembranças

Clarões irrompem ao longe em fagulhas
Outra carruagem incandescente apresenta-se
Através da anti-materia mundos eram criados
E não estamos mais no mesmo lugar
Os raios gamas e suas novas cores
Todo o receio do portão de fogo
O único fim possível para a alma

Em verdade quem vê é a mente
E como ver o inconcebível?
Um fóton não percebe o raio de luz
Mesmo o raio no qual ele pertence
Somos uma pincelada no imenso quadro
Que nem mesmo podemos ver
Ironicamente o definimos como caos

O artista maior não é impessoal
Sua pessoa transcende para sempre
Nossos traços tão grosseiros
Lembro dos escritos nas paredes
Ainda vejo o distante mosteiro no Laos
Toda fuligem dessa dimensão que cega
Toda a inevitável dor que nos cerca


Recife, 26 de junho de 2010

205> AURORAS

Quem sabe ondes as estradas se cruzam
Onde os corações batem juntos
Onde a luz do sol é uniforme
Quem dirá o caminho a seguir
O caminho de volta para casa

Agora um novo dia acaba de nascer
Multiplicado por impressões sensoriais
A lógica se torna parte de um jardim
Multicolorido
Mas o inverno acabou de chegar
E agora varre as folhas secas

Percorrendo os campos que sonhei
As florestas que plantei
As flores que reguei
Eu me lembro
Eu me lembro
E como haveria de esquecer
Todas aquelas auroras

Se virem e voltem para a luz
Antes da cegueira e da escuridão
Estas estepes são tão solitárias
Durante toda a noite
Durante toda uma vida


Recife,26 de junho de 2010