ECOS

ECOS
Chittorgarh-India

quarta-feira, 12 de maio de 2010

79> ANTARES

Que se veja o largo das nebulosas
Nos espectros visíveis
Vermelho amado por marte
Pulsa o sangue do oeste
Tecendo o sonho de Isis
Da Índia veio o bastão
Mas que lindo passaro persa ...

A forca do vencedor de Orion
Eleva-se mais uma noite
Leva-me a mais bela corte
Revela os segredos do coração
Abandonado fui à própria sorte
E sublimando o venenoso escorpião
Tornei-me assim tão mais forte


Recife,8 de abril de 2009

78> VISÕES

O gigante ser da arvore,
O obreiro aos seus pés
Um passaro rompe o silencio,
Nenhum latido, nenhuma voz
Tímidas as flores temem o tempo,
Solene eu observava...
Onze-horas e damas da noite
Suas belezas protegidas das trevas
E tão vulneráveis ao concreto
Ninguém se perdeu na sala das dores.
Só por hoje,
Só por hoje !

Abençôo toda esta chuva
Perdôo toda esta indiferença
Mãos tocam meus cabelos
Invisíveis,
Invisíveis...


Recife,6 de abril de 2009

77> PRIMEIRO DOMINGO DE ABRIL

Duas da madrugada, mesma longitude
Escorpião agora a sudeste,
Elevado era o azimute,
Elevado eram meus princípios.
A calmaria será tomada,
Os anéis serão cerrados
E assim Abril se anuncia

Mais cético que o normal,
Mais serio que o usual,
Muito mais cansado
Mas muito mais amado ?
O que mais será anunciado ?

Sei que torrentes cairão
Não sei o quanto serei molhado
Sei que tempestades se abaterão
Não sei permanecer estático
Sei que tudo foi plantado
Não sei continuar calado ...


Recife,6 de abril de 2009

76> AS PRIMEIRAS VERDADES

A verdade da vida era a dor
E todos vivem
A verdade da dor era o desejo
E todos sofrem
A verdade do desejo era o medo
E todos desejam
A verdade do medo era a duvida
E todos temem
A verdade da duvida era a ignorância
E todos duvidam

E toda ignorância leva
A duvidas
E toda duvida leva
A medos
E todo medo leva
A desejos
E todo desejo leva
A dores
E toda dor leva
A marca de nossa existência


Recife, 2 de abril de 2009

75> O REENCONTRO

O palco foi novamente preparado
Sob nossos íntimos reflexos.
A chave do coração encantado
Zelada por dois seres complexos,
Pouco a pouco nos torna
Os únicos discretos conhecedores
Da messiânica energia que se forma.

Ninguém na platéia via os nexos
Para nos não havia platéia
Os presentes estarão perplexos
Mas não serão feitos de matéria
Teu pulso crescia fortemente
Quando sagitário volta a sudeste
O desejo volta inexplicavelmente

A aprovação chega dos astros
Dizia a profecia secular
“Deles vira o novo mundo.”
A todos que ali pisar
Não será facultado intervir
E após usar a estrela do colar
Destruirão o abismo profundo


Nada que foi dito esta esquecido,
Tudo que não foi então será !
Os dissidentes estarão cegos,
Veremos os clarões do portão
E do alto seremos observados.
Não estaremos mais desolados
Porque não nascemos em vão


Recife,31 de março de 2009

74> DILUVIOS

Acendi a luz antes do escuro
Iluminei meu rosto
Não podiam ver minha idade
E eu não sabia a sua.
Com tantos olhos ao redor
Fingi ser apenas um garoto
Sem medo da tempestade

Enfim eu não ligo
Para aqueles seres tolos,
Tentei amar na sombra
E sem poder entender
O destino não muda seus rumos
Apologias que tive de criar
No fim das feridas e dilúvios

De fato o tempo contava
A historia calada das estrelas,
Me senti tão fora da cidade
De imagens vividas nos postais,
Rápido demais para acreditarmos
Nas voltas que demos...
Na noite que perdemos...


Recife,28 de março de 2009