ECOS

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Chittorgarh-India

sábado, 25 de dezembro de 2010

284> NO VENTRE DA ROSA


Na convergência dos sentimentos terrenos
Surge uma aura sublime dentro do coletivo
As vozes se unificam em um único som
Vindo de todos os tempos e todos os lugares
E todos os já que morreram agora vivem

Seria a alegria tão relativa?
Nossa visão não abrange nada alem de nós?
Se eu jazesse em um leito seria o natal feliz?
E se o medo de morrer o tornasse o pior?
Meu Deus, outra vez o medo de morrer...

Se temer o inevitável fizesse sentido
Uma nuvem escura cobriria os sorrisos
Se tivermos uma visão estatística da vida
Então já estaríamos mortos em vida
Ao invés de vivos na morte

Fechei os olhos e corri para longe
Puro, livre e com alegria única das crianças
Tudo se completa no ventre da rosa
Pois entre as nuvens vislumbra-se o sol
E nas trevas girassóis esperam impacientes

No perímetro externo o trono cinza
Como quis ver o seu senhor sorrir
Mas alguns incorporam o sofrimento
A alva pele daquela que não sei nome
Trazia-me calor naquelas noites frias

Soube que uma estrela trouxe os três reis
Como brilhava na noite da ignorância humana
Uma canção e mãos invisíveis balançam o berço
É o tempo dos filhos ensinarem os pais
É o tempo dos donos do tempo


Recife, Natal de 2010
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Tambem postado na Fabrica de Letras

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

283> OS PORÕES DA CONSCIÊNCIA


Um descuido momentâneo da guarda
O cadeado enferrujado estava aberto
Sinto o de dentro vestir-se de fora
Nos corredores a palidez das estatuas
Fantasmas de um passado morto

Procurando pelo real sentindo do perdão
Vagando entre o manifesto e o imanifesto
Qual deles sou eu ou quantos deles sou eu?
Todos foram eu um dia
Mesmo que em um sonho
Peregrinos separados do criador
O olhar separado da multidão

Magias e encantamentos sob pura fé
Tangiam as trevas
Com a força das palavras
Com a força da vontade
Nos porões da consciência
De joelhos rezo sozinho
De joelhos rezo por perdão


Recife,22 de Dezembro de 2010
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

282> NOITES FEBRIS


Caminhando nas estradas do sem fim
Molduras de sorrisos e pinturas de dor
E ninguém se lembra da casa do artista
E tudo foi ficando cada vez mais distante
Onde sempre se começa aonde se termina

Mas hoje surge uma nova possibilidade
Através da camada espessa da noite
Uma estrada de luar estendida no mar
Minha ponte e também minha fuga
Outro retorno a terra dos aeródromos

Outra caravana se prepara para partir
O que ela achará da espada prateada?
Sendo que usamos a mesma farda

Historias das minhas noites febris
Onde nem tudo era consumido
Memórias do fogo protegidas
Gravuras arquivadas no tempo
Algo que se pode contar para si


Recife,21 de dezembro de 2010
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