ECOS

ECOS
Chittorgarh-India

terça-feira, 31 de agosto de 2010

245> APRENDENDO A VOAR

Do alto podia-se ver a linha do continente
Separando o marrom do azul cristalino
O litoral recortado por varias enseadas
À direita a ilha da base de todas as armas
Voando na asa esquerda daquele pássaro
Inúmeras vezes decemos para socorrer
Tive medo de não mais voar ou da queda

Revejo a dama do manto lilás e o jardim
Desejo o assento ao lado de suas flores
Pois um pai espera muito de seu filho
E tudo que se semeia há de ser colhido
De cima vi suas espadas cruzadas
De baixo vi suas estrelas
Deixe o saber inundar meu ser

Nas praias colhi vidas errantes
Os mortos devolvi as ondas
Na areia colhi puros cristais
Se me perdi foi para me encontrar
Se me encontrei foi para honrar
A grande aquarela que não se podia tocar
Mas que se estende além do nosso olhar


Recife,31 de agosto de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

244> TESTAMENTO



Sempre que tentei esquecer me fizeram crer
Que pouco de fato poderia ter sido feito
Mas as faces que cruzei não foram ao acaso
E na partida promessas vividas no espírito
Ate que a poeira recobra a memória cansada
E o tormento de ser uma fogueira no inverno
Cobre o preço de minhas ações
E nada mais eu possa fazer

Ainda procuro a chave das surreais energias
Suspensas na face intangível da memória
Que escapava do lacre da matéria densa
Clarões em lugares perdidos na infância
Oro fervorosamente nos meus refúgios
Atravesso as letras dos livros ditos estranhos
Cuidadosamente penetrando no sagrado

O mundo não esta alheio ao vibra do meu ser
E meu feitiço é poder sempre me vencer
E se o mal reside em nós ele será vencido
Aos que nessa grande ilusão feita de sal
Cruzaram meu caminho e conheceram meu olhar
Às vezes como um sol outras como sombra
Estarei a buscá-los nas trevas e ergue-los
Estarei a convocá-los na luz ou no meio
Um exercito agora invisível
Meu exercito invencível


Recife,27 de agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

243> NA MAIS LONGA DAS NOITES



Ainda decidindo o que era realmente real
Numa rua deserta condensada de matéria
Em um sonho de águas cristalinas
As ruínas vazias e escuras do Maria Lucinda
Encontrei um novo trono de madeira
O vai e vem de almas de dentro para fora
O vem e vai das energias de fora para dentro
Nas noites amorosamente falo com o vento
Nas noites amorosamente recebo do tempo
A lição do que aqui realmente somos

Ouço as gargalhadas e os ferinos dizeres
Mas os cães não mais rosnam
As serpentes não me ameaçam
E como o universo tudo se distancia
Não se pode mudar tanto em pouco tempo
Mas se pode despertar instantaneamente
E saber o que sempre soube
Ter o que sempre tive
Meu grau, ferramentas e fieis cavaleiros
E enfim retornar a ancestral batalha


Cabelos brancos entre meus dedos
Vidas em estilhaços nos meus domínios
Choro sempre a partida dos luminosos
Entrego os demais aos da morte e da lei
Que gire a mandala e seus divinos raios
Escrito nas paginas sagradas
Escrito no gesso das paredes
Tudo aquilo que desconhecemos
E tudo aquilo que um dia conheceremos
Após a mais longa das noites


Recife,26 de agosto de 2010

242> NA MAIS NEGRA DAS NOITES

Decerto que não esperávamos a feroz reação
As hordas iam materializando-se de uma só vez
A mente iludida e perturbada quase me fazia esquecer
O que se tinha a perder e o que se tinha a ganhar
Gritos dos seres alados e as garras da noite
Sob a crosta um ar sufocava os menos densos
Se agrupem meus leais ainda não tombados

O inimigo multiplicava-se exponencialmente
Seus portões abertos vomitavam seus espectros
Não estamos dispostos a perder o que conseguimos
Não sem antes fazer valer caro nossas gargantas
E se o fazíamos, o fazíamos puramente por amor
Ate o terror ameaçar dividir o que pensei indivisível
Senti o peso dos olhos dos meus fieis quase no fim

Ergam suas espadas agora como uma só
E tudo se rasgou como se o tempo não existisse
Então pude ver o céu e uma coroa estrelada
De joelhos, petrificado em quase desorientação
Nas lagrimas caídas vi um reflexo luminoso
Mas como aquilo se processaria naquele inferno
Enfim os sinais descem do alto, hora de lutar

Pela fé nos lutamos e pelo amor venceremos
As ultimas lanças foram partidas com seus mestres
Por ultimo o clarão que nos cegou a todos
De volta à escuridão fria só o silencio reinava
Só um portão de cristal aguardava seus servidores
Cruzamos trazendo juras de vingança das gárgulas
Mas se por amor fizemos, por amor faremos


Recife,26 de agosto de 2010
Fezei por amor e serás guiado ...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

241> BEIRA-MAR



Vejo os mares bravios da inquietação humana
Sem entenderem que ondas tanto vem quanto vão
Clarões na noite e o medo no convés
Muitas faces permanecem ocultas ate o choque
Os arrecifes são seus destinos finais

A grave voz que atravessa novamente a neblina
Trás consigo seus cavaleiros do mar
Protetorado dos cristais submersos do saber
Do mar o que é do mar
E assim a vida o é
Esse infinito oceano servindo a justiça

Encontrei sete pedras a beira-mar
Ruínas das criações humanas ditas eternas
Agora partes invisíveis e silenciosos avisos
Como a radiação que não se vê, mas se sente
Procurei, procurei e no fim encontrei
A felicidade a beira-mar.


Recife,24 de agosto de 2010

240> PELA GLORIA DO AMOR

Algo que os milênios não se fazem esquecer
Não importa quantas vezes nos fará cair
A brilhante luz chamada amor

Não deixarei o combate nem nas trevas
Quando os olhos cegarem de ódio
Serei partido e vencido pelo invencível
A mais feliz derrota de minha vida
A mais brilhante vitoria do amor

Por um momento entenderei todas as línguas
Eternamente estarei em graça
Pois enfim encontrei a boa luta
Arma flamejante que a tudo consome
Lembrança eterna da chama criadora
Jovem para sempre e assim sendo
Viverei pela gloria do amor


Recife,24 de agosto de 2010

239> 250457-1822-177

Contornem o lago de águas cristalinas
Observem a serpente silenciosa
Foi hostilizada não sendo hostil
Assim o ar me contara
Assim eu pensei

Traçando uma diagonal à esquerda e abaixo
Chegaram a Sirius e conheceram Vynn
Nada mal para apenas uma noite
Uma noite especial

Sagitário novamente aponta o risco
Deixo os astros um pouco de lado
O escuro se aproxima de novo
Mais se afasta do meu coração

Um cão abateu um Elemental
Outros dois consumiram-se no fogo
Aos homens pareciam roedores
Mas para natureza eram salvadores
Não os pude salvar


Recife(astral),24 de agosto de 2010
O titulo e o conteudo são recados nos sonhos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

238> NO MEIO DO MEIO



E como fui longe com aquelas palavras
Um assovio cruzava o tempo de outrora
Busco quem sou e qual é o meu mistério
Se vejo aquela senhora das águas
Com uma criança e um porquinho da índia
E os Elementais do Ar parecem me falar

Alguns zombam e conspiram dos dois lados
Mal sabem que se perderam no meio do meio
Trovões e relâmpagos algo ameaçadores
Quem ceifara as ultimas colheitas?

A noite na terra cai depressa
Não tão depressa quanto caem os homens
A manhã urge em ergue-se
Assim como as almas excelsas
Entre a dança das horas baila a vida
Entre a vida só existe mais vida

Voltei e o mundo se privava da luz
Voltando suas peçonhas aos incautos
Mas os exemplos foram dados e expostos
Quanto mais me tiram mais ganho
Obrigado por oferecerem-me a dor
Obrigado por ofertarem-me ao criador

Bem alem desse manto de carne
Estão minha espada e minha capa
Assim como meus fieis depositários
Olho para nuvens que encobrem a lua
Mas sei que ela continua La
Assim como as estrelas
Um dia novamente cavalgarei os céus
Pois a vida é um sopro...


Recife,20 de agosto de 2010
Dedicado ao nobre Cavaleiro da Lei Agnaldo Silva
Link imagem
Também postado na Fabrica de Letras

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

237> SOB A LUZ DO FAROL


Boa noite aqueles de consciência tranqüila
Aceno de dentro desta prisão invisível
Crimes inominados impressos nas paredes
Poeira ainda suspensa nos corredores
Um copo estilhaça quebrando o silencio
Havia um mistério naquelas palavras

Fizeram-me jurar uma lealdade desleal
Uma imagem do passado surgiu nas alas
Com um livro escuro tangeu todas as trevas
Sete símbolos me fizeram chorar novamente
Nos braços de uma nova esperança

Enrole todos os pergaminhos e escritos
Testemunhos de uma historia milenar
Levanto-me diante daqueles olhos
Peço a misericórdia que nunca me dei

Sei que eles virão cobrar-me a fidelidade
Todos somos agentes da lei, não é mesmo?
Desconhecem que agora são eles os devedores

Sofro o terror dos pesadelos em terna idade
Mas agora eles sabem que mudei de lado

Ascenderei o farol para que outros o vejam



Recife,18 de agosto de 2010
A jornada de uma alma

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

236> A SEDE QUE NUNCA CEDE



Uma dor que escorria desda essência
Sentença existencial que marca a vida
Pretendo me entregar em troca de liberdade
Aliviar o peso de simplesmente existir

Se o mundo foi tomado pela ignorância
Esta é confundida e chamada de maldade
Se com olhos só se atinge uma ilusão
Esta é limitada e tomada como realidade
Abutres cegam os desviados da estrada
O egoísmo decepa-lhes os membros

A solidão espreita os recém despertos
No mundo desvitalizado dos sonâmbulos
A estática nunca foi uma opção sensata
Onde toda a criação se move

Um manto se estende desdo alto
A baixo só a sinuosa dança das sombras
O magnetismo se encarrega do resto
Uma corrente de mãos me ergueu
Cânticos sagrados abriram meus ouvidos
Hoje as lagrimas não são só de tristeza

Tenho sempre que continuar o projeto
Para poder sorrir quando a morte vier
Pois o medo se afastou do meu semblante
Assim um dia saciar a sede que nunca cede


Recife,16 de agosto de 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

235> O SILÊNCIO QUE PRECEDE A PRECE


Horas são dias e os dias são como séculos
A união dos detentores da luz do único saber
Via-se a mesma verdade em todos os códigos
Pétalas deixadas a mercê dos nossos sentidos
Mistérios mais antigos que as almas iniciadas
Velas acesas e cânticos em uma língua morta
E assim iniciou-se o que nunca teve começo

Fileiras inacabáveis aguardavam a ordem
Que se derrame suas legiões sobre a terra
Trazendo todos os sabres da lei das leis
Porque foram cegos aos avisos antigos
Nas ruínas em todos os lugares e épocas

Uma musica estava em todos os sons
Assim como fora no principio
Vibrações eram a origem do universo
Fótons são a lembrança do grande plano
Pois onde há luz há todo o resto

Ninguém cria, ninguém goza, ninguém finaliza
Nós como partes somos apenas vetores
Não servir ao todo é a fonte dos males
Assim como a célula rebelde canceriza
Então fui ate as mais altas montanhas
Não para vê-las, mas para ver meu reflexo
Refletido em toda criação que faço parte
Sentir a grandeza em um momento efêmero
Como o silencio que precede a prece.


Recife,14 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

234> RETORNO AO VALE SAGRADO


As águas geladas dadas pelas montanhas
O sol mais dourado que o teu ouro
Redemoinhos de areia as pegadas dos deuses
Dóceis os teus filhos tão grandiosos
A verdadeira riqueza molhada de suor
Pois nada a ninguém se pedia

A musica dos riachos e do vento
Pedras bem medidas e bem pesadas
Minha respiração esta acelerada
Meus olhos mudos, minha boca cega
Minhas mãos frias, minha alma fervia
Na presença de espíritos coloridos

Estava quase tudo como antes estivera
Eles sabiam que um dia eu retornaria
Eles habitam o supra mundo do condor
Reflexos tão vivos que se podia tocá-los
Aqui era o presente que pairava
Como uma sombra sobre o passado

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

233> AS NOVAS FLORES DE MAYARA



La estavam todos a olhá-la, mas sem ve-la
Aquele movimento que ela não desejava
E todos então estavam errados
Pois ali só viam seus próprios desejos
Nada ia além de nossas imperfeições

Foi naquela noite em uma ilha fria
Disse-me um de seus muitos sonhos
O céu nublado como os sentimentos
Tentei lhe sorrir, mas me foi impedido
Aquilo la era ate então proibido

Alguns anos antes havia tanta esperança
Um redemoinho na mente ainda jovem
O chão teimava em fugir aos pés
Tento recorda como estávamos confusos
Mas cada estrela tem seu brilho

Sempre sonho com tua nova roupa branca
Após os temporais terem ficado para trás
A cada décimo dia de julho ano após ano
Soube que nela novas flores vicejam
Banhadas na sua luz que nunca se apaga...





Dedicado a Mayara Brant ...

Recife,2 de agosto de 2010

232> A MONTANHA



A historia que espera no cume da montanha
Indecifrável como outras mais distantes
Falam de grandes realizações humanas
Protegidas na espessa neblina do tempo
Algo encantador por avivar nossa grandeza
Muitos já se foram e muitos ainda irão
Mas poucos serão os transportados
Levados a romper aquele véu ancestral
Divagando com o olhar as planícies a baixo
Rasgando as tolices das eras modernas
Resgatando o espírito que paira a cima
Ouvindo um assovio vindo de toda parte
Em silencio caminhando entre terraços
Pisando aquele solo a muito pisado
Sonhando aqueles sonhos a muito sonhados
E vivendo aquelas vidas a muito vividas
Estes serão sempre bem-vindos a montanha
Pois saberão que restou pedra sobre pedra


Recife,2 de agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

231> SOB O SIGNO DA VERDADE

Assim como veio se foi em mil pedaços
Derramou-se no frágil tecido da realidade
Afunilando-se rumo a um foco único
E um anjo foi designado seu regente
E este criou setenta e sete mil obreiros

Milênios são como segundos na eternidade
Segundos são como milênios na obscuridade
A ironia de o absoluto parecer tão relativo
A fantasia de o relativo compreender o absoluto
E foi assim que houve a primeira queda

E todos os espaços deixaram de existir
Pois nunca existiram
Consentimento concedido em outras esferas
E vivificou-se o miraculoso plano da criação
Um leque de freqüências, ondas e símbolos

O que em sonho foi dito eu não recordo
Mas assim era para ser e estava sendo
Pois se eu fosse um anjo como cairia?
E se eu fosse humano como evoluiria?
Mas nem sou o que sou sendo sua parte...


Recife,primeiro de agosto de 2010