ECOS

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Chittorgarh-India

sexta-feira, 30 de abril de 2010

66> TRANSLAÇÃO *



O verão ajusta a partida
O universo parece me sorrir
Não desperdiçarei um só momento
Um vendaval levou meu tormento
Também quase me fez cair

Vou varrer as folhas mortas
No outono carregado de energia
A terra exige suas cotas
O sacrifício do antigo
Para a provação que se aproxima

Incrível a vida sobreviver ao inverno
E também meu gosto por seu frio
Introspecção, nosso dom mais fraterno.
Jure que ficarás ao meu lado
Na proteção e calor de um abraço

E então vem a celebrada rainha
Com a respiração exalando seus amores
A tão bela primavera não espera
Que percebas a beleza de suas flores,
Amor de pétalas se expressa em cores...


Recife, 16 de março de 2009
Tambem postado na http://fabricadeletrasepalavras.blogspot.com/

65> AQUELA NOITE

Figuras de um desenho animado
Ela nunca tinha tempo
Eu nunca tinha medo
Pude fechar os olhos
Sem deixar de ver a luz
Revoluções que urgenciam os modos
Divida o peso de nossa cruz

Algo que não se muda
Coisas em que acreditar
E jamais serão as mesmas
A escada ate o paraíso
Aquela noite e seus fantasmas

O orbe não se move
Se assim o desejar
Todo um universo nasce
Quando duas órbitas se cruzam
Ignoramos o poder que temos
Quando deixamos de acreditar


Recefi, 15 de março de 2009

quinta-feira, 29 de abril de 2010

64> NOSSA SENHORA DA RUA

Ontem fui ate o quintal,
Abri os braços a quem me olhava,
Um ontem de quase trinta anos.
No quarto minha mãe repousava,
Imãs nos brinquedos que quebramos
O sofá virado, minha tartaruga...
A nossa senhora da rua
Só eu que via !

Uma quadra um primo
Duas quadras outro.
Dos bichos eu era o cachorro,
Da vida eu era o rei,
Da noite eu era o dono.
Meu vira-lata o trem levou,
Meu coração Melina roubou,
Meus dias o tempo mudou...


Recife,15 de março de 2009
Ecos da infância ...

63> O PRIMEIRO VOO

Você, a torre invertida
Eu, o sol invertido
O que fazer, a morte
Cem vezes Chalisa

Quarenta Chaupais a cantar
Não conto com a sorte
Disciplino para libertar
Me dirijo a nordeste

A esta fonte fui proibido
Ainda tenho sede
De tudo que foi suprimido

Observo a jovem águia
Divida entre o vôo e o ninho
Abril revelara o destino


Recife, 12 de março de 2009

quarta-feira, 21 de abril de 2010

62> RODA DA VIDA *

Respire, respire bem fundo
Por tudo que fizemos
Deixei ate de sentir
A marcha incessante das horas
Atordoado acordei tarde
Cético fui um tolo
Inocente de ser culpado
Culpado por não saber
Que somos todos completos

Gritei nos corredores
Chorei nas janelas
Noites e noites em claro
De manhã sonhos acordados
Um cetim, uma tiara
Os cabelos bem partidos
Minha pintura de Da Vinci

A cada alvorada nova
A vida se esvai
E a roda gira ,
Com seus oito raios anuncia
A fatalidade de tudo que fugi
O mecanismo inexorável
O susto de Teseu
O sorriso de Ariadne

O medo devorando tudo
Abissal corruptor de homens
Me vejo nos labirintos
Faminto e muito decidido
Escolhi o que encontrar
A chave perdida...
Então a nevoa avança,
O pesadelo se materializa
Mas estou acordado,
Estou acordado !


Recife, 11 de março de 2009
Analiso o que se perde para encontrar... a derrota para vencer ...
Gosto muito dessa é bem auto-motivante !

61> LUX AETERNA

Faces distantes filhos da dor
Nadam perdidos em prantos
Em todo lugar a negação
O sol eleva-se lentamente
Corpos desfalecem rapidamente
Velhos para a nova geração
Afogam-se em descrença

Nenhum porto a vista
Nenhum sorriso se arrisca
Nas ondas e suas cristas
A brisa me toca solenemente
Abrigando-me da maré arisca

Agora tudo esta claro
Todas as luzes acesas
Só um pensamento me trás
A sombra de uma ausência
Corações e mãos feridas
Em mim tudo se dissipa...


Recife, 9 de março de 2009

60> O ERRO DE PANDORA

Se a espera é longa
Olha o firmamento,
Se a saudade te fere
Lembra o juramento.

Quando a solidão se faz desespero
Relembra a fogueira acendida
Quando o amor parecer uma causa perdida
Faz do fel teu tempero

As vezes não se ve razão em insistir
Bem conhecido também
Que nunca se deve desistir

A morte é nova vida que vem
Turbulento mundo tenta impedir
O Amor que me mantém ...


Recife, 8 de março de 2009
Sonetinho bobinho, so para treinar , rsrs .

segunda-feira, 19 de abril de 2010

59> MA'ADI

Sobrou apenas esperança
Algo vira nos redimir
Um mar de areia será o berço
Não será daqui
O mestre das tormentas

Sua capa intransponível
Seu olhar cruzara o deserto
E o tempo se aproxima
Do invisível torna-se visível
Do adormecido despertar

Um punhal forjado na lava
O portado será enfim conhecido
Mil trezentos e trinta e três
Serão seus guerreiros sagrados
A terra se partirá de vez

Inimigos paralisarão impotentes,
O brilho azul anuncia
A queda de generais e seus tenentes
Em nome da justiça
Seu nome não será esquecido .


Recife, 7 de março

58> O OBSERVADOR DE ESTRELAS

O senhor do céu azul
Esta noite mentiu
Lamina escarlate em orion
Deixou um vazio quando partiu

Incontáveis pontos incandescentes
Preguiçosos repousam no leite
Na sombra do sol poente
Vejo sua imagem de frente

Saúdo um claustro escuro
Historias de um passado encerrado
Que não representam nosso futuro

Luz liquida em um céu estrelado
Podemos transpor estes muros
Em nosso cavalo alado ...


Recife, 7 de março de 2009

57> BELA INFANCIA

Vamos correr ate o fim da rua,
Vem ver os cachorros, tem filhotes !
Pular a cerca para roubar jambo
Tua mãe viu o que nós fizemos ?
Eu te empurro no balanço,
Saia que agora é minha vez

Te protejo dos malinos da outra rua
Não servem para estar ao teu lado
Concerto o cesto da tua bicicleta
Mas você quebra de novo
Com sono você me desperta
Para ver a “paquinha” na caixinha

Os peixinhos da casa alagada
Tua boneca toda molhada
Sei que na época da chuva
Meu aniversario esta perto
E se houver festinha,
Põe teu vestido de bolinha !


Recife, 6 de março de 2009

56> RIO VERMELHO

As avenidas tornam-se sinuosas,
Olho para todos os carros
Não vou mudar o rumo
E vem o calor na minha face,
Esqueço de respirar

O ruído que vem do mar
O sal emerge das pedras
Em instantes me perco do mundo.
Estudo todos os semblantes
Espelhos e faróis a todo instante

Um céu se pinta de chuva
O vento se enche de vozes
Mas agora estou surdo
Mil palavras a falar,
Uma voz ira me calar

Sempre volto para lembrar
Que somos cálice e rosa
Não irei esquecer a inquietude
Naquela bela imagem que vem
De uma Federação de sonhos

55> TRES NONAS PARA ALIA

Es tão sensível ao mundo
Por isso andas tão decepcionada
Predadores em um flanco
Teu amado no outro
Predadores te dão flores
Teu amado parece louco
Assim pretendem te iludir
Assim desejam te afastar
Impedem então teu despertar

Melancólica, insatisfeita, cansada
O coração partido
A garganta apertada
Os dias passam lentos
Teus amigos não te alegram, que amigos ?
Antigas malévolas energias
Iludem teus sentidos e te entorpecem
Te fazem sofrer pelo desejo,
E não pelo erro ...

Mas o dono do destino
Reservou-te uma historia
Os anjos não te tiram da memória
E apresentam os sinais
Te jogam de encontro ao teu destino
A humanidade se desfaz
E es como um vulcão latente ...
Junta tuas forcas e desperta
Da-me tua mão, vamos em frente !


Recife, 3 de março de 2009

54> DEJA VU

Era o único som que ouvia,
O soberbo cantar dos pássaros
E aquele riso de mulher
Corria a grama fria
Aquela linda vastidão lúdica
Situava-nos ao passado,
Sempre tão presente

Discreta nevoa do bosque
Como aquela que vem a mente
E apaga esses momentos
Mas as vezes sem escolher a hora
Nos brinda de retorno novamente
Em Deja Vu volto à flora

Um raio súbito ativa o laço
Que nos liga ao passado
A vibração que nos invade
Liberta a alma latente
E nos faz quebrar correntes


Recife,3 de março de 2009

53> FEITO DE SONHOS

Aquele tempo vem e vai
Uma noite que não acaba
A chuva que não molha
A lua que não cai

Minha alvorada é triste
Cidade que não mais existe
Lembro que você me disse
Do que somos feitos

“Eles” ate mim vieram
e novamente foram vencidos
Orgulho-me da vitória que me deram

O calendário não passa despercebido
Os sentimentos me revelam
Em um retrato ungido ...


Recife, 2 de março de 2009

52> ALAS VAZIAS

Pálidas cores de uma manha chuvosa
Na varanda do velho hospital
Ondas melancólicas, tantos detalhes ...
Minhas flores encharcadas
Em sua jornada buscam
O brilho que não veio.

Corredores e alas vazias
Ainda vai chover mais
Ninguém me chama
Mas estou aqui,
Acredite !

Em um domingo desolado
Com o peito meio pesado
Um semblante triste me espreita
Com uma semente germinada
Acho que florescemos
Vejo os frutos e percebo
Em breve será a colheita .


Recife,primeiro de março de 2009

sábado, 17 de abril de 2010

51> O ABISMO

Alguns sons no verde, azul e azul escuro
Um mergulho desacompanhado da luz
O manto negro que recobre o abismo
Silencio perturbador no tumulo da terra
Na sua geologia o abrigo do sem fim
Quem preservou teus segredos
Incontáveis eram os selados naufrágios
Agora frias prisões cheias de fantasmas
Um aviso no portal do desafio profundo
“aqui jazem aqueles que nunca retornam”
Seres bizarros serpenteiam em colunas
Em reverencia a “eles” seus senhores
Algo incontado e proibido, agora revelado
Mas todos precisam saber
E todos têm o direito de saber...


Recife, 17 de fevereiro de 2010

50> O SENHOR DOS SONHOS

Rapidamente eu surgi
Plastificando o sólido salão
Vi reunida a beleza perdida
Senti o som da luz
De cada raio imperceptível
Um gigante lótus brilhava

Rios e seus afluentes
Corriam de todas as mentes,
Argamassa de plasma
Criou imensos castelos
Juntei-me aos festejos
Notei-te ausente

Tomei de assalto um vórtice
Cingi os sete céus
Descendo em espiral
Vejo o topo dos prédios
Estremeço nas vibrações da cidade
Penetro então teu sonho !

Não me via mas sentia
Teu coração dispara subitamente
Girava sobre o gramado
Em seu solitário petit ballet lunar
Em tempo ainda posso te dizer:
Estarás sempre junto a mim ...


Recife, 28 de fevereiro de 2009

49> O SOL E A ESTRELA

Encruzilhada de caminhos asfaltados
A insegurança procria medos.
Tomo o caminho de terra úmida
Tão cheio de vida e flores
O orvalho pode livrar-nos das dores
Ignorar o sol ate que seu calor
Se inrusta na pele e na alma
E em sua constancia
evapore todas as duvidas...
Mas sinceramente creio :
No sorriso das crianças,
Na pureza de uma mão sempre estendida
Na alegria do cão ao ver seu dono
Nos olhares que se encontram
E sobre tudo no amor
Com sua perfeita visão
Que nos permite perdoar e aceitar
Que nos cura da cegueira do orgulho
O intenso brilho que não ofusca
A luz que polariza o curso celeste do sol
E este buscando as estrelas mergulha no horizonte
Levando deste mundo minha alma
E chega os novos habitantes do orbe
Amo a noite e sua paz
Mesmo quando trás a lembrança
Da falta que uma Estrela faz...
Mas assim a vida foi criada
Pois o sol também é uma estrela,
E uma estrela também é um sol...


Recefe, 27 de fevereiro de 2009
Crenças e mais crenças ...
Também publicado na fabrica de letras

48> DOENÇAS, GUERRAS E CARNAVAL

A noite estava mais fria
Mudava o tom daquelas vidas
Cúmulos opacificavam a abobada
Não via a estrela
Mas estava lá

Voltei-me às pessoas nas ruas
Tantas cores não escondiam
O cinza das as almas
Quatro luas e quatro sois
Desejei retornar ao meu lar

Cenas e pessoas diferentemente iguais
Historias de dor dançavam
Tambores se fantasiavam de musica
Hipnotizados fingiam fúteis alegrias
Prefiro a realidade da minha luta

Fevereiro cheirava a carne
Mas não das crianças palestinas
Nem das feridas dos doentes
Eis os odores que me compadecem
A demais reservo aos abutres


Recife, 27 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 16 de abril de 2010

47> A ESTRELA DO ABISMO



Onde tudo estava em trevas, me vi cego
Em instantes o chão colapsou sob meus pés
Frio, fétido e solitário era o tempo de La
Mais perto de um enorme distanciamento
A minha desolação foi o odor do abandono
Outra vez a pseudo-certeza da solidão

Andando em círculos de dor em dor
As luzes parecem longínquos fantasmas
E sempre aquelas memórias
Aquelas memórias
Desilusões nascem das ilusões que criamos
Cheguei a julgar-me aprisionado

E foi em um relâmpago preto e branco
Em uma melancólica noite de sexta-feira
Alguém perdido no tempo das brumas
O semblante elevado para ver acima
A brisa quente que cruzou mares gelados
Atirada de uma época perdida nos anos
Simplesmente muitíssimo especifico

E que se faça a luz
E que se faça um universo para ela reinar
E assim foi feito

E tudo foi selado em pura serenidade
Mas aquelas memória
Àquelas memórias

Perdoa-me se nesta vida ou em outra
Ofendi-te ou mesmo aos teus
Perdoa-me por teus atos absurdos
E me perdoa pela sombra da duvida
Por esse profundo mundo de Camus
E que eu possa ver meu farol outra vez
Brilhando como uma rosa branca
Ate onde nunca se soube,
Nem nunca se saberá...


Recife,16 de janeiro de 2010

46> O SOL DE LIBRA

Quando mais um ciclo se fecha
Comprimindo o passado na brecha
Do que restou de nossa meta
E vem uma pausa dos sentidos
Uma espera incerta
Um ultimo suspiro dos sonhos
O derradeiro nostálgico gole .

Duas mãos dadas ao caminharem
Em analogia as rodas de um trem
E seus possantes movimentos
Circulares e cíclicos
A forca motriz que desbravava
Que arrastava a pesada carga
Através de gerações e tormentas .

A solidão e a dor perfeita
Perfeita por ser pura
Pura por ser bela
A emoção do reencontro
A tristeza da partida
Verdadeira essência da balança
Escrito no sol de libra


Recife, 17 de abril de 2009

45> COMEÇO,MEIO E FIM



Eu sou submetido à solidão
Tu es vitima dos teus medos
Eles são eles e nada mais
Elas são todas iguais
Nos estamos tão distantes
Vos Anjos, choram petrificados

Eu de fato não estou só
Tu não tens nada a temer
Eles e elas não preencheram
Nos estamos tão próximos
Vos dissonantes, serão banidos

Eu tenho a ti
Tu terás um novo mundo
Eles e elas não importam mais
Nos somos únicos
Vos Deuses, nos abençoem !


Recife, 23 de janeiro de 2009

44> CARTA A PRINCESA SITA

Desço na luz do luar
Ei ! você a chorar
Me deixe entrar
Ate parece que acredito
Que tudo foi esquecido
Como lorde Hanuman
Uma montanha vou te dar

O dia esta para expirar,
Para o lar, levo uma sombra
Espero um rio que vá ao mar
Vão me levar, as correntes
Sei bem onde vou aportar

Descrevo as constelações
Refiz todo o zodíaco
Inverti as cartas do tarot
Me levantei ante ao abismo
Segurando uma mão de Shiva
Invisível ao teu lado


Recife, 21 de fevereiro de 2009

43> LÁGRIMAS DO CÉU

Nos dias chuvosos
Me volto à janela
Quando o vento sul trás teu cheiro
Quando meu atma pede calor
A solidão torna-se tão evidente
Que novamente o céu parece chorar
Lagrimas que espancam minha janela
A eletricidade do ar
Transmite meu pensamento
Que foge de mim
Agora sem controle...
Vai te levar o mantra
Vai tomar tua alma
Ate o ultimo trovão
Selar seu fim na terra .


Recife, 20 de fevereiro de 2009

42> 500 MILHAS

Quase nada mudou,
alguns moveis e altares mudados,
os ventos mais frios
e o verão começa a perder fôlego.
Apago a luz mais cedo
outras luzes se acendem,
temo por suas asas partidas

A eficácia da linguagem não verbal,
o insucesso da escrita
bolhas momentâneas de idéias
não contadas e mal entendidas
lagrimas que caem secas da alma.
Salto em estações que vem e vão
com o tempo na contramão.

Teu orgulho apunhala teu amor
que teima em nascer de novo...
Deus permitira que vivas assim ?
Tenho agora meu coração roubado.
Tens agora tua alma roubada.
Pensamentos em parabólicas trajetórias
Vão a 500 milhas daqui .


Recife, 20 de fevereiro de 2009

41> COMO UM MILAGRE

Na distancia entre os prédios,
Media-se o inferno
Podia-se ir mais longe
Suavemente através do concreto.
Pássaros sobrevoam tudo,
A cima e alheios
Mas a pedra continua rígida.

Uma mágica trouxe o brilho
Esquecido das retinas,
O coração pulsa e as mãos vacilam.
Uma paz se apodera,
Ironizo a tristeza desses anos,
Meus pés doem, os sapatos gastam.
Perto ou longe, não importa !
Isto me mantém vivo

Meu espírito agora vibra
O sol tomba feliz
E alguns homens tombam idosos
Ergo um brinde comum,
A passagem dos anos...
Não podia ser diferente
Como um milagre :
Me distancio da dor
Me aproximo do fim ...


Recife, 15 de janeiro de 2009
Reflexões na varanda do Maria Lucinda descançando apos uma PCR (parada cardio respiratoria) de um paciente sobre a temporalidade diferente das construçoes humanas em relação a propia vida humana ...

40> FILHOS DA LUZ

Intocável filha da luz
Atravessava as tormentas,
Tão puro era teu sorriso.
No sono sua alma fugia,
Costumava ir alem das montanhas
Dos verdejantes vales floridos,
Cantando e sorrindo
Apaziguava os espíritos errantes,
Estremecia o ar com sua voz

Eu doutrinava legiões
Selando os quatro cantos.
Quando podia adorava vê-la
Valsando nas nuvens de prata
Com sua amiga Soma,
Ao senti-la ameaçada pelos sombrios
Tocava o sabre dourado
Com suas ondas de choque,
A esmeralda na bainha os cegava

Alguns resistentes Rakshasas
Eram dragados no fio da lamina
Então flocos de luz caiam .
Sentia orgulho em protegê-la,
As trevas nos viam como flagelos.
Ela em sua natureza tão delicada
Alheia ao perigo dos Asuras,
Despedia-se me fitando com ternura,
Acordávamos então tão distantes
Para mais um dia na Terra ...


Recife,12 de fevereiro de 2009
Romance de inspiração na mitologia hindu e ocorrido em um sonho noturno ...

39> AOS SETE ANOS

Não sei porque as vezes
Me volto por um instante
A lugares tão distantes
Fora da mente de agora
Profundo lago do tempo
Vejo-me submerso
Nas imprecisas memórias
Sensações tão incompreensíveis
Quanto poderosas

Paraliso só de lembrar
Da íngreme subida em desolação
As flores majestosas eram pisadas
Ate portões de puro ferro
Com seus alvos leões alados
Prestes a devorar meu clan resignado
Em meio a todos estou só
Entre eu e eles, o ferrolho do portão
Sentia-me ali, mais velho que agora
Desperto toda hora
Durante tantos anos
A lembranca do que sinto
Sempre volta em ciclo...
Como pode um menino !
Ser assim tao temido ?


Recife, 11 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 15 de abril de 2010

38> YOURU



Veste a roupa azul
No pavilhão dos pilares
Viaje sem se mover
Deixa que o globo gire

Tome o assento central
Pois o orvalho cristaliza
Escuta-me contar
Historias de outono

A aparente distancia
Dos nossos mundos
Desfaz-se do outro lado
De um único mundo

Ontem sonhei com Youru
E te vi de novo
Atenta como uma lebre,
Branca como a neve ...

Recife, 10 de fevereiro de 2009

37> TUDO QUE NÃO FOI

Um quadro envelhecido,
Do sono de uma menina...
E sopra o vento sul
Com meu jasmim e minhas amêndoas
Terna face de carne macia
Lar de amargos e idosos olhos
Abertura rasgada da alma
Memórias tristes a correr
Campos e estradas rumo ao norte.
Subo as torres do forte,
Procuro no longo horizonte.
Atingido pelo dardo do desprezo
Me atiro ao vento
Levado por algo que me chama
Na estrada solitária,
Nunca mais aquela voz !
Tudo que não foi...
Tudo que seria...
Tua duvida será tua algoz .


Recife, 7 de fevereiro de 2009

36> DIARIO DA SENTINELA

A luz interna superou
O mar das incertezas
Cartográficos e impotentes mapas
Caminhos explodiam em numero.
Toque o coração e feche os olhos
Só então, somente então
Tomaras a estrada única

Fortalecido ante a escuridão
O poder intrínseco da inocência
A fraqueza insípida da maldade
O isolamento inevitável do saber
A nivelação confortante da ignorância
Formas plasmadas, sua opção !
Torno-me senhor de si

Cautelosamente vigio os portais
Cheios de obscuros sofredores
Desejam emergir e invadir
Reservo-lhes o lugar secreto
Um profundo olhar milenar
Traça a fronteira imaterial
Entre os puros e os sombrios ... .


Recife, 7 de fevereiro de 2009
Portões dimensionais.

35> O LIVRO E OS LEÕES *



Rogava por cuidados urgentes
Onde foi deixado
Nas moradas sombrias
Soluços quase audíveis
Seres quase visíveis
A mais bela mentira
Obscuramente divino

Passos tímidos se aproximam
Ultima brisa fina
A noite se derrama em pranto
Nuvens escondem as estrelas
Fechos os olhos as sombras
Encaro Zeus e seus trovoes
Abro o misterioso livro

Fraterno, magnífico e supremo
Pesam no peito as verdades
Olhos que se inundam
Inicio o capitulo dourado,
Amanhecer do meu destino
Abandono meus desejos
No antigo portão dos leões


Recife, 5 de fevereiro de 2009
Inspirado em um sonho de infancia ...
Também postado na Fabrica de Letras

34> DEVA

O caminho leva ao lago
A neblina como cobertor
O dia espera para nascer
A voz feminina cruza o bosque
Na cadencia dos sinos
Oferendas a nova manhã

Vislumbro sua curva imagem
O aroma de jasmim invade
De joelhos em seu retiro
Acima do solo dos mortais
Ria-se de nossas duvidas ...
Enquanto dizia ...

“Ofereço-lhes o pão da vida,
mas não tens desta fome “
“Estendem as mãos
a quem não toca o chão”
“olha o teu todo,
e verás o nada ... “


Recife, primeiro de fevereiro de 2009

33> GUARDIÃO

A alvorada nasce em silencio
Tinge e ilumina o céu
Aquarela sublime e imutável
Ondas elétricas por segundos
Tão mágicos e imperceptíveis
Sou imerso em esplendor

O resto da noite se vai
Hunahpu alimenta o giro
Arma-se a lona do circo
Olho para toda parte
E a mecânica da vida prossegue
Melancolia em tom de tristeza

Aos poucos meio mundo se ativa,
Aos poucos meio mundo se apaga...
Agora que a fumaça pesa o ar
Entrego-te a uma manha de outono.
Agora posso dormir,
Após velar teu sono ! .


Recife, primeiro de fevereiro de 2009
Gosto muito desta !

32> DEUS

Meu deus não é bom nem mau
Meu deus não é claro nem escuro
Meu deus não tem forma
Meu deus não se chama deus
Meu deus não tem nome
Meu deus não escreveu livros
Meu deus não da ordens
Meu deus não criou infernos
Meu deus não condena
Meu deus não é, esta ou foi
Meu deus não tem povos
Meu deus não precisa de louvor
Meu deus não se importa se é acreditado
Meu deus não tem preferidos
Meu deus não é meu nem teu

A este deus atribuímos
Nossa imagem e semelhança
Nossas imperfeições e perfeições
Nossos sentimentos e emoções
Nossas palavras e idiomas
Nossas frustrações e expectativas
Nossos conhecimentos e ignorâncias
Nossas fraquezas e superações
Mas este deus não é humano
E este deus transcende a nos
E transcende o transcender

Meu deus posso afirmar
Que assemelha-se a vida e ao amor
E só posso afirmar
Por não saber ao certo
O que é a plenitude da vida ...
E o que é a perfeição do amor ...


Recife, 31 de janeiro de 2009

31> A QUEDA DO CÉU *

Cansado demais, repouso
Os fantasmas eram rápidos
A vida e fugaz,
Minutos procriam em frenesi
A cada hora insana,
Me sinto tão fora ...

A chuva densifica o ar que paira
Revive as memórias
A nevoa aveludada das nossas auroras
Papeis, personagens e mascaras
Nas gavetas da alma,
O diário de uma existência ...

A garota chorava na calçada
Alheia aos escravos cegos
Desejava a queda do céu
Então percebo o quanto:
Vivi aquelas vidas,
Morri aquelas mortes...


Recife, 29 de janeiro de 2009
A chuva sempre teve um efeito saudosista em mim, sinto saudades de algo que não sei o que seja... seria a vida que achamos individual um pouco coletiva ???
Também postado na Fabrica de Letras

30> IDIOSSINCRASIA ANGELICAL

E vens ate mim
Como um anjo arrependido
Deixa-me então :
Revelar-me nos teus olhos,
Parar de sofrer por desejos ...
Hora de retornar .

O gelo derretia no copo
No aconchego de um clube
Perdidos e unidos esta noite
Embriagados de emoção
Repito sua canção
Quase uma oração

Durma meu amor ,
Antes de te acharem
Estes que moram em ti
Os que congelam teu olhar,
Petrificam teus sonhos,
Odeiam minhalma incandescente

Fugir comigo esta noite
Trouxe-te sabor de liberdade.
Como chamas invisíveis
A corroer teus fantasmas .
Ieiazel e Mehiel juntos novamente,
Ate a ultima taça ...


Recife, 29 de janeiro de 2009

29> HACHATTA

Vi Hachatta no espelho
Números multiplicam as duvidas
Tudo intrinsecamente etéreo
Não senti emoção ...
Fui tocado pelo fogo
Agora um impulso incontrolável
Mas algo mundano ainda resiste
Sempre em Maia, sempre ilusão
O átomo se une e desagrega
Mas o elo persiste ...


Recife, 29 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de abril de 2010

28> O PERDÃO *

Quando a única estrela se apaga
Quando o doce amarga
Talvez, talvez
A noite volte a ser,
Verdadeiramente escura .
O coração retorna,
A sua essência solitária
Eu precisei tanto, desejei tanto
Então evitando o inevitável
Você se foi, se foi

Os anos abrandam a dor
As magoas desfocam com tempo
As feridas se fecham

Muito depois de você partir
Sinto vontade de me ferir,
Sinto falta de te ver sorrir.
Alguns lapsos trazem a tona
Uma pintura envelhecida
O vento simula teu toque delicado
Minha menina partida...
A estrela que ainda brilha na memória
Memórias que saltam empoeiradas
Quando vejo as cicatrizes ...


Recife, 24 de janeiro de 2009
Algo delicado e profundo, provando que se pode ser dar um tom romantico melancolico aos escritos sem ser piegas .. Adoro essa !

27> MAKTUB

A caravana mística surge ao longe
Sete estrelas e sete camelos
Aproximem-se e bebam aqui !
Bege, laranja, vermelho e mostarda
Tons prestes a se dissiparem
Na fria mão da noite

Um deserto cheio de vida,
Na fronteira de vales e montes.
Levem esta rara flor,
Que nasce nos áridos rochedos
Deste imenso mar de areias
A quatro patas navegável

O sabor das tâmaras,
O ritmo dos tambores
Ar aquecido em ascendentes correntes
Esquecidos zeladores da vida terrena
Teu pó este mundo a cruzar
Na pele de teus fieis filhos .

Uma mágica a me encantar,
E quando a dor passar
Com teu profeta a vos guiar
Rios dos corações iram jorrar,
Mil e uma flores a brotar !


Recife, 24 de janeiro de 2009
O deserto e sua magica indiscritivel, lembro aqui dos viajantes da estrada da seda ...

26> O ADORMECIDO

APÓS ANOS ELE DESPERTOU
COM FOME DE SECULOS
VESTIA A TUNICA DE MORFEU
TRAZIA A HIPNOTICA FLAUTA
OS CAES TODOS LATIRAM
OS MAGOS TODOS SORRIRAM
DEMONIOS FUGIAM
ANJOS DESCIAM
“MINHA LUA E MEU PAI”
ERA O QUE ELE DIZIA !
E OS CAES LATIAM ...
ERGUEMOS UM MANTO ALVO
ENQUANTO ELE DISSIPAVA O VÉU
“QUANDO ELE CHEGAR, DEIXA-O ENTRAR”
ERA O QUE TODOS DIZIAM !


Recife, 24 de janeiro de 2009
Tons proféticos ...

25> ANJOS DE GAZA



Espiral multicolorida gira lenta
Marcada em preto e branco
Deus meu, o que houve ?
Teu povo todo a chorar ...
As saias ao vento estendidas
Mães e filhas todas partidas
Gritam em uma só nota
"Que abençoe nossas feridas"

Macularam a infância dos teus filhos,
Roubaram o sorriso de tuas crianças .
Falcões, vespas e leopardos
Sempre perseguidos agora perseguem
Da paz também privados
O medo que invadiu as noites
Demônios e anjos ,
Anjos ou demônios ?

Tanto calor neste inverno
Tanta frieza nestas almas
Sob um sol ainda amarelo
Com o sangue ainda vermelho
Ergo-me com um céu todo azul
Só me resta sonhar,
Que ainda podemos amar...
Que toda essa dor se vá !



Recife, 22 de janeiro de 2009
A meu ver não existem palavras que expliquem o fato de vermos e aceitarmos um novo holocausto "às avessas" ...
Também postado na Fabrica de Letras

24> A MISSÃO

A voz que vibrava meu ser
A luz que transcende a carne
A sentinela conduz em silencio
A noite vem com seus portais
Acendo a fogueira
Queimo os desejos vis
Mil braços me apóiam
Mil seios me nutrem
Mil anos se passam

As mãos em brasa
Sinto tudo que não toco
O fio encantado do sabre
Cortava o tecido da realidade
Levado para alem de Maia
Faces de barro observam
Hierarquias descendentes se curvam
Correntes, claves e grilhões
Mantenho o sentido único
Como fora designado !


Recife, 17 de janeiro de 2009

23> TRES LUAS E POUCO

Tua respiração em minha face
Você era minha doce morte
Você era tão linda
Não me diga nada !

Usei tantas palavras
Para estar ao teu lado
E agora nesta cadeira
Não me deixe so !

Te ofereço este caminho
Toda uma existência
E eu acredito ,
Não te esqueças jamais !

Tuas escolhas sem palavras
A estatua o mar e as espumas
Um choque inevitável...
Não me olhe assim !

Aproveite as pequenas coisas
Eu estava nos detalhes,
As coisas que não vias
Não feche teus olhos !

Perdidos em iminente partida
O chão esmagado sob teus pes
As ondas afogavam meus anos
Não negue a quem amas !


Recife , 12 de janeiro de 2009
...Na orla de salvador ela sempre tinha a alma roubada pelo mar, pelas ondas ... a contagem de tempo no calendario lunar da ultima vez que presenciei esse transe .

22> AMA LLULA, AMA SUWA, AMA Q’UELLA

Rodas e linhas multicoloridas
As saias giravam ao vento
Chocalhos me traziam o frio
Que aquecia as almas
Todas flautas tocaram
Cabeças mexiam no compasso da musica
Abri os braços em louvor
As imagens esculpidas por deus
Em picos alvos e olhos escuros
Que eu volte aos Andes
Antes de morrer

Vem aqui partilhar o calor campesino
Trabalham sem nada esperar
Tão atentas aves de rapinas
A dança do condor
Entristeço com a partida
Navegando o Titicaca
Rumo aos espelhos incas
Intocável calor de sua gente
Intocável o frio de tuas montanha
Intocável retrato do céu


Recife, 12 de janeiro de 2009
PS1 : AMA LLULA, AMA SUWA, AMA Q’UELLA = nao roubar, nao mentir,nao ser preguiçoso
PS2 : Lema do imperio Inca ...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

21> XBALAMKE

XBalamKe gargalhava no céu
Dos senhores malignos e invejosos
Vigiava seus domínios
No silencio do espaço
Rasgava as nuvens com seus feixes
Transformava tudo em brilho
O milho vertia em reverencia
O som dos jaguares
Não importava mais
Era tão alto ...
Gigantesca genialidade divina
Madrugada a fora
Em todo seu esplendor
Mas sem fé nada veras
Ate a queda das estrelas ,
E eu estarei lá
Banhado em um luar de sorrisos
Vestido da noite
Projetado nos teus olhos
Através da lua cheia !


Recife, 10 de janeiro de 2009

Interessante alegoria dedicada a um dos "herois gemeos" do Popol Vuh Maia

20> O ABRIGO *

Tudo mudou tão veloz
O céu, as nuvens e o ar
Me volto ao antigo abrigo
Deslizei como quase morto
Toquei então sua pele
Com cuidado ...

Profundezas irradiadas na abobada
Suspiros lacravam fraternas mentiras
Veja aquelas vidas se dissolvendo
Fique ao meu lado escondida
Gritos só audíveis a alma
Vozes chamam do abrigo

Pulsa rápido o coração
Quase em descompasso
Meus olhos cobram o preço
A passagem do tempo,
Que tempo ?
O das mais belas ilusões

Seu poder escondido em mim
Seus desejos por mim profanados
Mistérios irrevelados aos mortais
Uma flor nasceu no abrigo
Tão rápido quanto secou
Breve primavera ...


Recife, 10 de janeiro de 2009
Gosto muito dessa ...

19> MUNDO DE OSSOS

Esforços tão vagos
Cabelos esvoaçados
Costumava domar o rio
Com água a meia altura
Quase vou a loucura

Casais em transes sensuais
A vida em seus corpos
Marionetes sem alma
Como vidro estilhaçado
Densa relva do outro lado

Vem comigo sem suposições
Desculpas, medos e duvidas
Te guio pela mão,
Me leve pela mão
Para longe da insanidade

Beijo um rosto pueril
Traço as rotas
Evito os tristes olhos
Num mar de faces
De um mundo de ossos


Recife, 9 de janeiro de 2009

quarta-feira, 7 de abril de 2010

18> CANÇÃO DE NINAR

FUMACA, LAPIS E ECOS
DURMA, DURMA MINHA CRIANCA
OH ,GRANDE SENHOR SEM FORMA !
LEVA MINHA MENINA
PARA LONGE , PARA BEM LONGE
DESSA VIDA DE DOR
DESSA VIDA SEM COR

E NO ACORDAR
LIMPA A POEIRA
RETIRA AS DURAS LEMBRANCAS
VAMOS VIAJAR NOVAMENTE,
VAMOS DORMIR NOVAMENTE
PARA SEMPRE,
PARA SEMPRE ...


Recife, 4 de janeiro de 2009

As vezes os sonhos são um refugio abrigando-nos da inospita realidade externa, mas as vezes, só as vezes ...

17> ORION

Perto da quarta frota
Tão longe de ti ...
Mas tenho meus pecados
E ninguém podia saber
O que se passa aqui
Desenhos foscos riscavam as dimensões
Senhores do tempo,
Senado das estrelas.

Não estou alem de mim ...
Me ame mesmo assim
Eu possuo tudo que buscam
No espaço sem fim
Através das radiações
Tão cheio de emoções
Escravos , escravos , eu disse !
Pois desejo o sem fim
Ainda sonho com a terra , azul !
Uma raça divina e dividida
Mas ninguém poderia saber
O que se passa aqui ...


Recife, 3 de janeiro de 2009

Falo com o brilho no olhar caracteristico dos seres de Orion observando a limitada forma de humana de perceper a realidade que os cerca, tentando ver no infinito a materia e a vida como eles a conhecem ...

16> SIRIUS A

O luar derretia-se no mar
Vestia de prata o infinito-finito
Faiscando em ondulações
Alem do olhar

Sinto-me tão só
Algumas estrelas tombavam
Riscavam o céu em dourado
Clamando por audiência .

Rebeldes que ousaram
Violar a estática
Entediadas em seus brilhos

Meus olhos profundos
E uma estrela de prima grandeza
Velávam uma noite de extrema beleza

Recife, 3 de janeiro de 2009

Uma epoca em que as estrelas, estas sim foram minha fieis amigas e confidentes ...

15> COSMOLOGIA ANCESTRAL

Que venha o tempo do não tempo
A fusão final
Pedaços de cordas semi-estendidas
Ligavam todos os tempos
Todas as coisas
Todos os mundos
E vibravam , ruflavam

Pulsos determinavam a natureza das coisas
Tudo em nada
Perfeito em tudo
Era demais para saber
Impossível saber ...
Um verdadeiro silencio na alma
Acompanhava o choque

A luz do espírito
Revivia todas as enseadas
Afundava a linha temporal
Afrontava os seres mortais
Jorrava beleza no cosmos
Mas nem os arcanjos ancestrais
Compreendiam o segredo da vida

Recife, 29 de dezembro de 2008

Novamente meu fascínio pela vida em suas manifestações, pois usei de conceitos zen e quanticos para falar do material em contra-partida so pude utilizar vagas analogias para simbolizar a vida ...

14> QUASE E ETERNO *

Quase me saltou do peito
O coração !
Quase sufoco
Sem ar !
Quase saiu de mim,
Minha alma !
Quase cegaram
Meus olhos !

Quase vi meus desejos plenos
Quase vi as luzes da cidade se apagarem
Quase vivi sua vida
Quase encontrei o graal
Quase falei com deus

Assim penso no tempo
Das coisas que lembro
Assim procedo como o servo
Das minhas propias lembranças
Assim me disfarço em mascaras
Das inúmeras cenas

Fiz o caminho mais longo
Escolhi o tempo errado
Desfiz os sinais
Preteri a lógica racional

Criei imagens eternas
Ignorando toda aparente realidade
Antes de tocar aqueles lábios
Perdido nos espaços entre a esperança
Apoiado em promessas nunca feitas
Esperando a ultima dança
Caído nas asas de dezembro

E realmente acreditei
Que essas coisas seriam eternas !

Recife, 26 de dezembro de 2008

Os estranhos caminhos do amor com suas imangens ilogicas aparentemente e tão logicas para a visão dos que deixaram-se cair em suas asas .
Interessante ver que ideias assim apos um natal mostram claramente um vazio cada vez mais expressivo ..

13> A PRIMEIRA REVELAÇÃO

Brilhava num tom tão azul ...
Deitada imponente no leito da via Láctea
Sorri com o som dos cometas erráticos
Sempre evitava as supernovas
Assim como a espiral de katuns

Agora percebo o movimento
Passado, presente, futuro
De fato a mesma coisa
Conclusão da inexistência de tempo
Conceitos humanos sobre o inconceitual

Olho um horizonte dito infito
Antes me fora dito
Que representávamos a prima criação
A semente genética de todos os seres do universo
Os criadores cingem o espaço-tempo por nos

Nos humanos, odiados, amados, imaculados
A raça mãe, o tom, o molde, o milho
Todos coletivos, nos individuais
Todos Brahmas, nos Shivas
Destrutivos como o cosmos !

Seres privilegiados recebem a divina concessão
Saltam dimensões de tempo e espaço e criam
Raças avançadas no passado e primitivas no futuro
Nos entendem como a natureza entrópica universal
Uma gota de sangue , seja do mais vil humano !
O bem mais precioso do universo ...

Recife, 22 de dezembro de 2008

Falo sobre a vida e sua singularidade, iniciando uma serie de post com a forte influencia da astronomia, porém por bem achei interessante mesclar algo do conceito de tempo da cultura Maia com a filosofia Hindu srvido com tempero de fisica quantica ... Boa refeição !

12> AS FARDAS AZUIS

Falamos sobre as fardas azuis ...
Era tão claro para vermos
Seria sentir medo novamente
Perdida entre amigos

O capitão disse
Avance uma fileira !
Em direção a terras distantes
Em direção a você

Vi oque diabo estava fazendo
Dizíamos um ao outro
Que cruzamos nações
Que cruzamos gerações

Beijávamos sem erro
Acertamos o cupido
Com suas propias flechas
Riamos e amávamos

Então vento carregou tudo
O capitão, o diabo, o cupido
E melhor começarmos logo
Acaricie-me novamente

O cheiro dos teus cabelos,
O ritmo da sua respiração,
O esplendor do teu sorriso.
Sempre no meu compasso !

Recife, 16 de dezembro de 2008

Delírios e sonhos com a felicidade a dois ... Após mais de 1 ano percebo que esse "compasso" nunca foi compassado, mas o amor é assim !

11> COMO UM PESADELO *

SEMPRE SOUBE COMO ENTRAR
NA FENDA DO TEU OLHAR
COMO AQUECER SEUS SONHOS
RELEGADOS AO POLO NORTE
COMO CHAMAR TUA ATENCAO
EM MEIO A SUA AGONIA
COMO TE IMOBILIZAR
EM MEIO A SUA AGITACAO
COMO TE ILUMINAR
COM A VIBRACAO DA MINHA ALMA
COMO FALAR A LINGUA
DO SEU CORACAO DIVIDIDO

UMA PLUMA VOAVA AO VENTO
COMO UMA PROMESSA DE MAIO
O CEU NÃO SORRIA
COMO DEVERIA
A CHUVA NÃO CAIA
COMO UMA MEDIDA
SUA VOZ NAO VIBRAVA
COMO QUANDO ME VIAS
TEMIAS A CHEGADA DA CHUVA
COMO UMA ADULTA

VI O QUE OS OLHOS NÃO VERIAM
ESPIRITOS DIZIAM QUE NÃO PODERIA
SUBO, DESCO E ACORDO NOVAMENTE
VIRO, VOLTO NÃO SORRIO
TE RETIRO DA CAMA ARDENDO EM FEBRE
TRAJANDO LENCOIS BRANCOS
DESPERTO O SARCASMO DE UM POSSESIVO
SER ANCESTRAL
DIZIA SER SUA DONA
NÃO CONSEGUI AJUDA-LA
COMO NUNCA PERMITIAS...

Recife, 16 de dezembro de 2008

Imagens de superação de auto-estimulo demonstrando um profundo conhecimento do ser amado porém com a aspereza da realidade que agora também invadia os sonhos ... reporta no final um pesadelo onde um ser dizia-se possuidor do destino de minha amada e afirmava que eu nunca conseguiria, demostrando claramente desconhecer a intemporalidade ..

10> A ESTRADA PLENA

UMA SIMPLES ANALISE
UM GRANDE MANTO DE POSSIBILADES
O MAIS PURO IDEAL
A MAIS LONGA JORNADA

AGORA O VENTO QUE CALA
O FRIO QUE NÃO TOCA
O FRIO DA MORTE
NO CALOR DA DOR

UM SORRISO INTIMO
EM SEGREDO REVELA
O TEMPO QUE ESPERA
O CALOR SE DESSIPAR

PARTO SEM OLHAR A CHAMA
TOCO SUA VIDA , ANTES MURALHA
LEVADO PELA INERENTE CERTEZA
NO CALOR DOS TEUS BRACOS

Recife, 11 de dezembro de 2008

Facil ver a esperança tentando romper a grossa camada de gelo formada pelas desilusões ...

9> DEIXE *

Me deixe aqui
Vou me deliciar com o que sobrou
No espaço entre o sonho e a realidade
Com ardor criado por mim

As crianças gritavam ao longe
Indiferentes ao mundo
Nosso mundo !
Bem vindo a vida , minhas caras !

Intocável eh minha voz
Uma tempestade que se aproxima
Elétricas ondas espasticas , sonoras
Nutrirão a fome do mundo

Que a maldade se afaste de mim !
Conheço seus atalhos ...
Então que a vida siga seu curso
E que chova sobre mim ...

Recife, 7 de dezembro de 2008

Feita para exorcisar alguns demônios ..

terça-feira, 6 de abril de 2010

8> OS DIAS *

Os dias caiam como estrelas cadentes
Os anos saltavam , tão vorazes
Os círculos se fechavam e ruíam
Nunca acreditei na fatalidade do tempo
Ate dizer adeus

Não espero mais o amanhecer para dormir
Estou sempre onde sempre estive
Dormindo do outro lado
Tecendo os anos
Tentando

A realidade escapa aos sentidos
A vida , aquela vida ...
Doces promessas dissolvidas no terrivel crescer
Escuro , solitário , confuso , não , não ...
Em mim , em você

Lembra aquela manha ensolarada ,
No corredor de paredes brilhantes ,
Onde toda dor desaparecia ?
Agora aponto para o céu
Na cidade de dois habitantes
Você viu ?

Esta tarde para voltar para casa
Seja qual for a morada
Nem mais um beijo ? Eu ouvi ...
Sussurrado , rouco , desesperado ...
Caído lembrei que de fato nunca ouvi
Você dizer adeus ...

Recife, 4 de dezembro de 2008

Considero uma das mais belas expressões de uma saudade imensa, cheia de figuras unicas como : cidade de dois habitantes = Salvador , corredor das paredes brilhantes = corredor de entrada da emergencia do Hosp. Luis Eduardo Magalhães em Porto Seguro.
E a esperança sempre presente apesar das adversidades !

7> MOSTAR



DEVANEIOS DE UM POS NOITE
VENTOS QUE ALUCINAM
COMO A ULTIMA ROCHA DE MOSTAR
TEU ULTIMO OLHAR NA PONTE
ME PETRIFICA POR TODA UMA VIDA

EM TERRAS SO NAO ESQUECIDAS POR DEUS
PELA TOCANTE BELEZA INERENTE
TUDO OCORREU COMO UM SONHO
SANGUE JÁ RESSEQUIDO EM MEUS BRACOS
OLHOS TAO NEGROS QUANTO O TEMPO

ME ABRACE COM FORCA
ME BEIJE COMO A ULTIMA VEZ
ME DEIXE RAPIDO
E NOS FITAMOS
ATE O ULTIMO MOMENTO

Recife, 4 de dezembro de 2008

Sonhei com uma despedida nesta ponte medieval da Bosnia ...

6> HUITZILOPOCHTLI

VERDE , VERDE , VERDE VIVO
VERDE PALIDO
VERDE DENSO
FLAMEJANTE

O SOM ÚNICO DO CASAMENTO
DOS TURBULENTOS VENTOS E DA DENSA RELVA
RIVALIZAVA A ELETRICIDADE NO AR
A TENSAO HORMONAL DO CHOQUE

HAVIA VIDA ATE MESMO NAS PINTURAS
HIPNOTICAS , NEGRAS MARCAS CICLICAS
TEMIDA ATE MESMO PELOS JAGUARES
AGORA EM GUARDA , ALERTA

DIZIAZA-SE SER UM BOM PRESSAGIO
A TEMPESTADE ANUCIADA NO PRIMEIRO SOL
TUDO AJUSTADO , SINCRONIZADO
AO CHAMADO DO GRANDE GUERREIRO

Recife 4 de dezembro de 2008

O Deus colibri-azul da cultura Asteca, sempre pronto para acompanhar seus guerreiros no caminho da guerra ...

5> OS OLHOS DE HOSENFELD



ATRAVESSANDO O TREM DA MORTE,
O INVERNO DA SIBERIA
A LOUCURA DO INFERNO NA TERRA
OS FRIOS UNIFORMES DE CAMPANHA

AS CARTAS QUE ESCREVIA A MINHA ALMA
DIZIAM QUE PERDERIA A LUTA
JUSTAMENTE POR NÃO ENTENDE-LOS
AQUELES OS MEUS ...

VIVO A LEMBRANCA SUBLIME DO MEU RECENTE PASSADO
ME ESVAIO EM NEGACAO E DOR
MAIS PARECIDO COM OS INIMIGOS
MAIS DIFERENTE DOS AMIGOS

AJUIZO MINHA FOLHA CORRIDA
JÁ NÃO TEMO A MORTE , ESTA BENCAO
JÁ NÃO ME IMPORTO COM OS CHOQUES
SUCUMBO POREM AS MEMORIAS

IMOVEL, CONVULSOES, SUOR A BAIXO DE ZERO
QUEM SÃO ESTES QUE ME TORTURAM
OS HUMILHADOS PELO BRASAO QUE CARREGO ?
QUINZE MINUTOS ATE A PROXIMA DESCARGA

ESCUTO O FINAL DE NOTURNO
SONHO COM MEU MUNDO
SINTO O FINAL DE JULHO
TOQUE ATE O FIM DE TUDO..

Recife, 1 de dezembro de 2008

Cap. Hosenfeld onde quer que estejas receba esta humilde homenagem pelas inomináveis torturas que passaste em nome da justiça e do direito à vida ...

4> OUTUBRO

Amordaçado , a passos nem largos nem curtos
Exteriorizava minha tempestade ressoante
O céu que a tudo via, respirava forte
Chovia como se chorasse por nos
E pálido pedia pela noite ,
Prefirira não destemunhar
Mergulhar mudo no horizonte cinza
Perdido na invisível fronteira do ceu e do mar
Na cidade outrora ensolarada

Implacavel mar ,
Te perdi nas ondas
Que espumas roubaram teu olhar
Estática, lado a lado
Com sua alma se debatendo em si
Hora de partir ,
hora de deixar mais uma vez
meu coração partido
meus olhos perdidos
meus sonhos vazios

Recife, 24 de novembro de 2008

O primeiro encontro e o primeiro abandono em Salvador ...

3> AS FLORES DO MARIA LUCINDA

Via a vida passar no para-peito do Maria Lucinda
Via atravez das vividas flores
Vermelhas
Amarelas
A fumaça ,os carros , as pessoas
Tão perdidas
Paredes de concreto que construímos
Areia , plástico , combustíveis fosseis
Caos , caos , colapsos, colapsos

Indiferentes , ela vicejavam , lindas
Elas as flores
Chocadas , imaculadas
Nos e elas , elas e mundo
Torpe mundo , insano mundo , nosso mundo

Vi as flores me olharem no Maria Lucinda
Curiosas , tímidas , confiantes
Viram o que sobrou de mim
De nos humanos
Nosso micro mundo , nosso macro mundo
Micro caos , macro caos .

Senti vergonha delas as flores
Minha alma chorava em silencio
Em meio a tanta nobreza
Delas
Em meio a tanta pobreza
Nossa
Quieto calo e me retiro
Me retiro ...

Recife, 23 de novembro de 2008

Hospital Maria Lucinda o antigo Hospital Materno-infantil, da varanda desta casa podia ver pedaços do ceu cheio de estrelas e as flores queridas da irmã (freira) .

2> O ALTAR DO TEMPO

Havia sim certo receio ...
No tom lunar do desafio
No silencio voluntário
No obvio cansaço

Tudo tão claro quanto teu silencio
Tão obvio como a minha dor
Tão intenso quanto a morte
Breve como a vida

Levo de volta o que restou
Sobrou , ficou
Uma dor que feri os deuses
Tão presentes

Sufoco lentamente
Entrego nossos planos ,
Meus mais puros sonhos
Mais uma vez ao infinito altar do tempo .


Recife, 19 de novembro de 2008


Reflete um sentimento de abandono mas sem revolta e sim cheio de resignação, lembra muito aqulas situações onde entregamos tudo nas mãos de Deus ou do destino, talvez por não ter nada que possamos efetivamente fazer ...

1> O PODER

NÃO PUDE LEVAR-TE DA ULTIMA VEZ
AS VEZES SE PERDES EM VC MESMA
MAS UMA SEGUNDA VEZ TALVEZ
DESPENCO OUTRA VEZ
O QUE FAZEMOS TODA HORA
E SE EU A SEGUISSE ATE O FIM ?
PERDIDO EM MINHA DOR
PERDIDO EM TUA SOLIDAO
NAQUELE BANCO FRIO
MINHA ALMA INCANDECENTE
ASSIM NOS ENCONTRAMOS
ASSIM COMECOU O SONHO

SE ME PERDESSE VC ME ENCONTRARIA ?
SE TE PERDESSE EU ME PERDOARIA ?
TODA HORA
TODA HORA


Recife, 19 de novembro de 2008


Este foi o primeiro post após a decisão de iniciar um relato linear de todas as impreções, sonhos, desejos e anseios de minha alma e claramente alusivo a um grande amor ..